O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, anunciou que uma equipa de três elementos, da embaixada portuguesa em Moçambique, está na Beira a fazer um levantamento da situação dos portugueses residentes na região, a mais afetada pelo ciclone Idai. Mau tempo provocou 84 mortos e 1.500 feridos à passagem por Moçambique.
A equipa enviada à Beira está a visitar hospitais e clínicas, de forma a confirmar a existência de vítimas de nacionalidade portuguesa, e irá também identificar a destruição dos bens que pertencem a portugueses, revelou à Renascença.
As autoridades estão preocupadas com a situação na província
de Manica, onde a chuva não pára de cair, obrigando a retirar as pessoas das
zonas baixas, próximas dos rios Buzí, Congwe e Zambeze.
À Renascença, Paulo Tomás, porta-voz do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades, avança que só na Beira há registo de 79 mortos e oito mil famílias afetadas.
Jamie LeSueur, que lidera a equipa de avaliação da organização de ajuda humanitária Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC) na Beira, disse que “a situação é terrível. A escala de devastação é enorme, parece que 90% da área está completamente destruída”.
“Quase tudo está destruído. As linhas de comunicação foram completamente cortadas e as estradas foram destruídas. Algumas comunidades afetadas não são acessíveis ”, disse LeSueur.
Caroline Haga, funcionária da IFRC, descreve a devastação com "quase nenhuma casa parecia intacta, linhas de energia e as árvores caídas".
A região centro de Moçambique permanece em alerta vermelho devido às chuvas fortes. A Direcção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos apela a retirada imediata da população vivendo em zonas de risco de inundações para zonas altas e seguras, na zona Centro do país.
A população é recomendada a evitar a travessia de rios face a persistência de chuvas muito fortes nas províncias de Sofala e Manica e no Zimbabwe.
A conta de Twitter sul-aficana "Storm Report SA" mostra a devastação na Beira, Moçambique.
Elias Marcelo Caetano, director da "Missão Mãos Estendidas - África", mostra imagens enviadas pelo padre Mchenga, do Malawi.
A cidade da Beira, com meio milhão de habitantes, foi a mais afetada pelo ciclone Idai. O levantamento do número de vítimas está por concluir, dado que há locais de difícil acesso devido à subida do nível dos rios.
O Consulado de Portugal na Beira tem um total de 5.600 cidadãos portugueses inscritos, mas a área de jurisdição consular é muito grande e abrange sete províncias – Sofala, Manica, Zambézia, Tete, Nampula, Niassa e Cabo Delgado.
A passagem do ciclone Idai por Moçambique, Zimbabué e Malaui causou mais de 200 mortos, centenas estão desaparecidas e dezenas de milhar isoladas.
A Unicef Moçambique está no terreno a prestar apoio a 3.800 famílias e possui centros de acolhimento na província de Sofala.