“A cultura continua a ser a nossa a primeira prioridade e é o rosto da Gulbenkian”. Foi desta forma que a presidente do conselho de administração da Gulbenkian, Isabel Mota, deu esta segunda-feira a conhecer a nova estratégia da Fundação para o futuro.
Isabel Mota falava na apresentação dos dois novos diretores dos museus. António Filipe Pimentel, ex-diretor do Museu de Arte Antiga, vai dirigir o Museu Gulbenkian e o francês Benjamin Weil vai liderar o transformado Centro de Arte Moderna (CAM).
No dia em que começaram as obras que vão transformar o jardim e o CAM, Isabel Mota começou por lembrar que “foi a cultura” um dos setores “que mais sofreu” com a pandemia, “com a falta de oportunidades de trabalho, de criação e transmissão.” A Gulbenkian aposta, por isso, em retomar a prioridade do seu fundador e regressa ao modelo de ter duas direções, para os seus dois museus.
António Filipe Pimentel, antigo diretor do Museu Nacional de Arte Antiga, vai liderar a equipa do Museu Gulbenkian - um museu que tem “uma importância na ligação oriente e ocidente”, referiu Isabel Mota.
É já na terça-feira, no Dia Internacional dos Museus, que o Museu Gulbenkian dá a conhecer a renovada sala das joias Lalique, que há 20 anos não era alterada. Depois do sucesso da exposição temporária, irá também sair um catálogo com a coordenação de Luísa Sampaio.
A sala, que regressa às paredes em seda apresenta as joias e peças em vidro numa nova disposição cénica. “Não será só a renovação do espaço, é também a demonstração de saber e conhecimentos científicos”, explica Pimentel que acrescenta também que há uma nova forma de comunicação com os visitantes que quer que se estenda a todo o museu.
Ainda a marcar o Dia Internacional dos Museus, e num espírito de uma “reabertura cautelosa”, refere António Filipe Pimental haverá também durante o dia um conjunto de visitas que serão levadas a cabo pela equipa do museu. “Os curadores vão receber os visitantes em conversas livres”, explica o diretor que lembra que também esta terça-feira será lançada a “campanha Art Matters” que visa sensibilizar o público para a importância da cultura.
Dois museus, duas identidades
Depois de durante a última direção de Penelope Curtis à frente dos museus Gulbenkian se ter apostado em juntar a coleção do fundador à de arte moderna e contemporânea, agora faz-se o caminho inverso. A Gulbenkian volta a separar as duas direções dos museus. Isabel Mota que apelidou a mudança de Cotter como “episódica”, prefere a nova opção. “É uma solução com mais possibilidades de abrir caminhos para as nossas coleções”, refere a administradora.
Nesse sentido, o curador francês Benjamin Weil, antigo diretor artístico do Centro Botín, em Santander foi hoje apresentado como o novo diretor do Centro de Arte Moderna e Contemporânea. Apostado em criar um novo “ecossistema” na relação entre o público e o museu, Weil pensa o futuro do museu que hoje entra em obras e que tem um projeto assinado pelo arquiteto japonês Kengo Kuma.
“É interessante pensar como o jardim vai ser acrescentado, como vai alterar a forma como as pessoas se relacionam com o museu. Andar pelo jardim vai colocá-las noutra experiência” refere o novo diretor do CAM que sublinha na sua apresentação que vão continuar apostados numa política de aquisição de arte. Nas palavras de Weil, essa é uma “forma de apoiar os artistas”.
Um tesouro do Vaticano na Gulbenkian
O Museu Gulbenkian prepara já as suas exposições futuras. António Filipe Pimentel anunciou que em setembro irão assinalar os 700 anos de Dante, numa exposição intitulada “Visões de Dante – o Inferno segundo Botticelli” para a qual virão dos arquivos do Vaticano, dois desenhos de Botticelli. A mostra que irá decorrer durante um mês, até 27 de outubro contará também com uma peça contemporânea de Rui Chafes e uma peça da coleção das joias Lalique.
Mas o ponto alto das exposições do Museu Gulbenkian vai acontecer em outubro com a exposição “Faraós Superstar”. “Será a maior exposição feita em Portugal sobre egiptologia ao mesmo tempo que tem uma abordagem à Egitomania”, explica Pimentel em declarações À Renascença. “Serão duas grandes exposições numa só”, indica o diretor do Museu Gulbenkian.
Na conferencia de imprensa desta segunda-feira, foram ainda anunciados os nomes de Miguel Magalhães para a coordenação dos apoios Gulbenkian para as artes e o de Nuno Vassalo e Silva para a delegação de Paris.
Na mesma ocasião, o administrador com o pelouro da Cultura, Guilherme d’Oliveira Martins explicou que foram concluídas as negociações para a posse do espaço envolvente à Gulbenkian que se alarga agora “até à Rua Marquês de Fronteira”. “Ao termos a propriedade do jardim podemos ter a satisfação de recordar o arquito Ribeiro Telles a lembrar a sua satisfação por manter a coerência do parque”, referiu Oliveira Martins.