A missão das Nações Unidas na República Centro-Africana (RCA) confirmou esta quarta-feira que, "devido à gravidade" de "alegações de abuso sexual" por "capacetes azuis" gaboneses "não identificados", tomou a decisão de "repatriar a totalidade do contingente gabonês" da missão.
Segundo um comunicado, a Missão Multidimensional de Estabilização Integrada das Nações Unidas na República Centro-Africana (Minusca) "foi alertada para alegações de abuso sexual de, até agora, cinco raparigas, envolvendo membros não identificados do contingente militar gabonês destacados numa localidade central do país".
A Minusca dá conta que "as vítimas identificadas foram imediatamente tratadas", de acordo com as suas "necessidades médicas, psicossociais e de proteção", e que enviou uma missão multidisciplinar ao local das ocorrências para "avaliar a situação e tomar medidas de prevenção de riscos".
O Secretariado das Nações Unidas deu igualmente instruções no passado dia 7 às autoridades gabonesas para nomearem um investigador nacional no prazo de cinco dias úteis, que deverá concluir uma investigação em menos de 90 dias.
A Organização das Nações Unidas (ONU) abriu também uma investigação própria e manifestou-se disponível para apoiar a investigação nacional gabonesa.
Devido à "gravidade das alegações", o Secretariado das Nações Unidas "tomou a decisão de repatriar a totalidade do contingente gabonês da Minusca", cerca de 450 "capacetes azuis". A decisão foi comunicada às autoridades gabonesas na terça-feira.
"Nas últimas semanas, factos de particular gravidade, contrários à ética militar e à honra dos exércitos, cometidos por alguns elementos dos batalhões gaboneses foram relatados", anunciou igualmente esta quarta-feira, o Ministério da Defesa gabonês numa declaração.
"Na sequência dos muitos casos de alegada exploração e abuso sexual sob investigação, as Nações Unidas decidiram hoje retirar o contingente gabonês" da Minusca e "foi aberto um inquérito pelo Gabão", afirma a mesma declaração.