O acidente está envolto em grande secretismo e não foram divulgados números oficiais nem de vítimas mortais ou de eventuais sobreviventes, sabendo-se, porém, que alguns dos passageiros ficaram feridos.
Mas o balanço humano e material é elevado, disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) uma fonte aeroportuária e outra diplomática, sem dar mais pormenores sobre o número de vítimas, garantindo, todavia, que a grande maioria dos sobreviventes pertence ao grupo paramilitar de mercenário Wagner.
"O avião que se despenhou pertence ao exército maliano e posso confirmar que a aeronave estava numa missão em Gao com parceiros", disse à AFP um responsável militar maliano.
"Hoje, os investigadores regressaram ao terreno. No sábado à noite, os feridos brancos foram transportados por outro avião para um destino desconhecido", assegurou uma fonte aeroportuária, embora outros tenham sido assistidos medicamente em Gao.
"Quando os sobreviventes chegaram ontem [sábado] a Gao, eram quase exclusivamente soldados russos da Wagner", assumiu uma fonte próxima do corpo de bombeiros, que solicitou anonimato.
As causas do acidente ainda são desconhecidas, mas um porta-voz do exército alemão, ainda presente em Gao no âmbito da missão das Nações Unidas no Mali (Minusma), afirmou que o avião deve ter ultrapassado a pista, de acordo com as informações de que dispunha ao início da tarde de sábado.
O avião despenhado é, adiantou, um "modelo IL-76 de fabrico russo".
O aeroporto militar de Gao é utilizado pelo exército maliano, pelos seus parceiros russos e pela Minusma.
A junta no poder no Mali afastou a força anti-jihadista francesa em 2022 e a força da ONU em 2023, para se virar militar e politicamente para a Rússia. Afirma ter recorrido aos serviços de "instrutores" no âmbito da cooperação bilateral com a Rússia e nega a presença do Wagner, embora a existência de mercenários do grupo de segurança russo seja geralmente aceite por outros atores que trabalham no Mali.
O acidente ocorreu num contexto de tensões crescentes entre os diferentes atores armados da região e o exército maliano.
Desde agosto, as regiões de Timbuktu e Gao têm sido palco de uma série de ataques contra posições do exército e civis.
O exército e os grupos armados lutam pelo controlo do território, numa altura em que a Minusma se retira.