Bebés a nascer em bunkers e internados em abrigos anti-bomba. Este é o cenário testemunhado pelo médico português Ricardo Baptista Leite, que está em missão humanitária em Lviv, na Ucrânia.
Em declarações à Renascença, o também deputado do PSD relata uma situação de stress para os serviços de saúde e para os doentes.
“Os profissionais de saúde estão profundamente esgotados: uma pandemia somada a uma guerra que dura há cinco meses, podem imaginar”, relata Ricardo Baptista Leite.
Lviv acolhe grande parte dos refugiados internos da guerra na Ucrânia e os hospitais não têm mãos a medir face ao aumento da afluência de pacientes.
A situação é particularmente sensível no serviço de cuidados intensivos neonatais, que instalados num bunker para resistir a um eventual bombardeamento das forças armadas russas.
“Os cuidados intensivos neonatais, de bebés recém-nascidos estão, desde março, em bunkers anti-bombas subterrâneos, porque, embora existam outros bunkers para onde os doentes são deslocados sempre que as sirenes tocam em caso de ataque, no caso dos bebés recém-nascidos em cuidados intensivos não há possibilidade de deslocar o equipamento”, sublinha.
De acordo com o médico português, “todo o equipamento e todos os profissionais têm que estar permanentemente neste espaço subterrâneo sem luz natural”.
“Imagine a tensão constante de viver assim”, testemunha Ricardo Baptista Leite.
Desde o início da guerra, a 24 de fevereiro, já nasceram sete bebés num bunker que serve de maternidade no Hospital Regional de Lviv.
O médico português está na Ucrânia no âmbito de uma missão humanitária e para apoiar a campanha de angariação de fundos da Fundação dos Ucranianos em Portugal.
O Hospital Regional de Lviv precisa de ajuda para manter a sua atividade. Um dos objetivos da campanha é conseguir gerador para a maternidade.