Na audiência pública desta quarta-feira, Francisco aproveitou o momento em que se dirigia aos peregrinos de língua polaca para lembrar o drama de todos os deslocados que fogem da guerra.
“Saúdo cordialmente todos os polacos. Vocês foram os primeiros a apoiar a Ucrânia abrindo suas fronteiras, seus corações e as portas das vossas casas aos ucranianos que fogem da guerra”, disse Francisco.
O Papa destacou que os polacos “estão a oferecer generosamente” tudo o que os refugiados precisam para que possam viver com dignidade, apesar do drama do momento”.
“Estou profundamente grato a todos vós”, disse o Papa.
A intervenção foi interrompida por uma salva de palmas da assembleia. Palmas que voltaram a surgir um pouco depois quando Francisco sublinhou a presença na audiência do frade ucraniano Marek Viktor Gongalo, que fez a tradução em polaco, e tem os seus pais a viver num refúgio nas proximidades de Kiev.
“Este frade franciscano que faz a tradução da audiência em polaco é ucraniano. E os seus pais estão neste momento nos refúgios debaixo da terra para se defenderem das bombas, num lugar muito próximo a Kiev”, disse Francisco.
O Papa sublinhou que apesar de todo o sofrimento causado por esta guerra, o religioso “continua o seu trabalho aqui connosco”.
“Acompanhando-o, acompanhamos todo o povo que sofre, os seus pais, os idosos e tantos idosos que estão debaixo da terra para se abrigarem. Vamos trazer no coração a memória deste povo e muito obrigado, a ti, por continuares a trabalhar”, destacou Francisco.
Mais de 800 mil pessoas já terão deixado a Ucrânia, fugindo das consequências do ataque militar russo ao país. Os números são da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Em declarações este domingo à RTP, o diretor-geral da OIM, António Vitorino, disse que, nesta altura, é difícil fazer projeções quanto ao número de deslocados, adiantando que “ao fim de seis dias de combates” já foram registadas “mais de 800 mil saídas da Ucrânia”.
Segundo António Vitorino, “quase metade [das pessoas] saíram em direção à Polónia, mas há também números muito significativos em países mais pequenos como a Moldávia, mais de 100 mil pessoas, ou para a Hungria”.
A Igreja Católica promove esta quarta-feira uma jornada mundial de oração e jejum pela paz, convocada pelo Papa Francisco, para pedir o fim da guerra na Ucrânia.