“Jesus é a nossa força, é nossa luz, nossa paz”, ouvem-se as vozes afinadas no último ensaio, no Santuário do Senhor dos Caminhos, no concelho de Sátão. É o Coro infanto-juvenil da paróquia de Abraveses que vai participar na I Jornada Mundial das Crianças. A excitação rouba as palavras e o raciocínio de quem já não esconde o entusiasmo.
Beatriz Pinho, 19 anos, estuda Comunicação Social, na Escola Superior de Educação de Viseu. A jovem estudante procura acalmar o ruído e explicar o que move estas crianças. “Começou-se a falar um bocadinho, temos contactos no seminário em Roma e começaram-nos a falar que isto ia acontecer e então começámos a pensar, enquanto grupo que ia ser interessante, porque já tínhamos elementos que já eram mais velhos e tinham ido às Jornadas Mundiais da Juventude”, sublinha.
Para Afonso Rodrigues, de 13 anos, a frequentar o 8º ano de escolaridade em Viseu, é um “sentimento inexplicável, porque são as primeiras Jornadas Mundiais da Criança”. Costuma animar a Eucaristia de sábado na paróquia de Abraveses, juntamente com Marta Regadas, 15 anos, que está ansiosa por estar com o Papa. “É estar em primeiro lugar. Estar no primeiro acontecimento. Vai ser uma coisa única. Conhecer o Papa pela primeira vez, eu acho que vai ser uma forma de termos ainda mais fé para a religião cristã”, observa.
Margarida Jacinto, 12 anos, há seis que toca viola. “Gosto bastante de música, então vim para cá e também gosto de participar nas Eucaristias. Acho que vai ser bastante divertido e emocionante conhecer o Papa”, valoriza.
Mães impulsionaram crianças a participar
É na madrugada de sexta-feira, que os elementos do Coro infanto-juvenil da paróquia de Abraveses, vão sair de Lisboa, rumo à capital italiana. Antes, ensaiam as músicas de um vasto repertório, no caso de serem chamados a atuar na I Jornada Mundial das Crianças. António Regadas, um dos fundadores deste coro e maestro, explica que o grupo fundado em 2015 tem por objetivo “animar as Eucaristias Vespertinas na paróquia de Abraveses e todas as festas da catequese” e, que, portanto, “é uma filosofia de comunidade, de grupo que participa na paróquia”, explicando que vão “participar nas jornadas, como todos os outros grupos do mundo inteiro que vão lá estar, sem fazer uma atuação específica”, conclui.
A ideia de participarem na I Jornada Mundial das Crianças foi impulsionada pelas mães. Elisabete Pinho, 45 anos, vai acompanhar as duas filhas. “Vou estar um pouco na retaguarda, mas vamos estar presentes em tudo o que pudermos, porque vai ser muita gente junta”, antevê, mostrando o que leva na mala.
“Vamos levar roupa para os quatro dias, vamos levar t-shirts, camisolas preparadas mesmo para a ocasião e pronto, acho que vai correr tudo bem”, sorri, partilhando alguns conselhos que deu às filhas. “Disse-lhes para aproveitarem ao máximo, porque é único na vida. É um acontecimento mesmo grandioso e único na vida deles. Disse também para tentarem fazer amizades, para comunicarem com os outros”, acrescenta Elisabete.
Roma fez um pedido especial ao coro português
A orientar as questões logísticas está Abel Dias, 54 anos, responsável pelo Secretariado Diocesano da Educação Cristã, que recebeu um pedido de Roma. “Nós somos um grupo grande e Roma pediu-nos que nos trajássemos com os trajes tradicionais do nosso país. São trajes quentes, vamos lá ver se a temperatura não é muito quente. Vamos levar três pastorinhos vestidos. E depois os trajes dos ranchos e há um ou outro que quer ir equipado com a seleção nacional”, desvenda Abel Dias, salientando que apesar da ideia ter partido das crianças e das mães, a diocese está a apoiar a iniciativa.
“Fizemos a inscrição e depois tudo o resto, o alojamento, isto implica viagens de avião, autorização de pais, as refeições, pronto, depois essa parte logística toda, damos uma ajuda”, conta o responsável pelo Secretariado Diocesano da Educação Cristã, enaltecendo a Jornada Mundial das Crianças. “Eu acho que é uma oportunidade única, eu acho que é um sinal que a Igreja está a dar e o Papa, sobretudo, de que as crianças são importantes, que não as podemos deixar para trás, eu acho que o Papa quer dizer que as crianças são o futuro. Aliás, até o próprio lema das jornadas, que é: Farei tudo de novo, isto é, olhando para esta gente nova, nós vamos ter que repensar uma outra forma de ser a Igreja”, defende Abel Dias.
Fundado em 2015, o Coro infanto-juvenil da paróquia de Abraveses anima as missas vespertinas na paróquia de Abraveses, todos os sábados. Estão por isso mais do que prontos para brilhar.