Paulo Rangel diz que a política não é nenhum jogo de xadrez, “em andamos a fazer cálculos para saber quem fica no Governo”. Na entrega das assinaturas que formalizam a sua candidatura à liderança do PSD, nesta segunda-feira, o eurodeputado recusou-se a desenhar cenários políticos.
Diz Paulo Rangel que a único cenário que tem é uma vitória do PSD e o que importa é “fazer uma proposta clara aos portugueses e uma proposta que se baseia na necessidade de uma maioria para levar esse programa por diante”.
E, por falar em programa, o candidato a presidente do PSD, confiante numa vitória no próximo sábado nas diretas, anunciou a apresentação do seu programa eleitoral para as legislativas de 30 de janeiro para que daqui a um mês, mesmo em vésperas de Natal.
Paulo Rangel entregou as assinaturas na companhia do coordenador da moção, Miguel Poiares Maduro, e do mandatário financeiro, Gonçalo Reis.
Depois quis apresentar as principais ideias da moção de estratégia: defende uma maioria estável para o PSD, recusa um bloco central e dá um “não” redondo ao apoio a um governo socialista.
Mas uma das prioridades de Rangel é o combate à corrupção – daí, a proposta de criar uma agência com competências de investigação e que trate também da fraude, sobretudo numa altura em que se aproxima um ciclo de fundos europeus.
“É preciso confiança naqueles que os vão aplicar. E [a agência] tem de ser implacável na fiscalização”, afirmou.
Há ainda ideias para valorizar o interior do país e defende um papel mais ativo das regiões no processo de decisão do Estado.
Comissão de ética no partido
Na moção de estratégia, Paulo Rangel promete a criação de uma comissão de ética, que será composta por militantes e independentes e que vai implementar internamente um sistema de controlo ético e de integridade.
Uma das principais tarefas desta comissão é avaliar possíveis incompatibilidades dos candidatos que o partido esteja a ponderar apresentar aos diferentes cargos políticos.
Numa fase inicial, “a verificação da integridade dos candidatos vai aplicar-se aos cargos de deputados à Assembleia da República, ao Parlamento Europeu e a presidentes de Câmara”, lê-se no documento.
A ideia está apresentada, será depois a comissão de ética a definir quais os critérios que devem ser aplicados na avaliação das condições que determinem a inibição de um candidato. Segundo a moção, deve ter-se em conta “o equilíbrio necessário entre a presunção de inocência e, consequente proteção da reputação da pessoa em causa, por um lado, e o impacto que a existência de certas suspeitas sérias, validadas por magistrados, têm nas condições objetivas de confiança e autoridade necessárias ao exercício de um cargo político”.
Esta comissão não poderá intervir já nas próximas legislativas, uma vez que a entrega das candidaturas dos partidos tem de ser feita até 20 de dezembro.