O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) voltou a acusar esta sexta-feira administração da TAP de recusar negociar e de estar a “empurrar” os tripulantes para greves que podem afetar o Natal e o Ano Novo.
“As coisas estão bem piores do que estavam quando [em 3 de novembro] os tripulantes de cabine, quase taxativamente, decretaram um pré-aviso de greve. Na altura demos um grito de revolta, mas demos um mês à empresa para negociar. O que a empresa optou é legítimo: não negociar. Mas não pode vir diariamente dizer que está disponível para dialogar quando não está”, disse o presidente do SNPVAC, Ricardo Penarroias.
No aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, pelas 8h45, o dirigente frisou que o impacto da greve que vai hoje no segundo dia “foi grande” e a adesão “total”.
Ricardo Penarroias disse que a empresa está a protagonizar “se calhar um caso inédito na história do país” que é “em véspera de uma greve não apresentar uma proposta para negociar”, situação que está, acrescentou, a empurrar os tripulantes para mais formas de luta.
“Na assembleia de dia 6 [de dezembro], os tripulantes de cabine quase por unanimidade deram legitimidade à direção do sindicato para poder marcar um pré-aviso de greve no mínimo de cinco dias. Poderá ocorrer até dia 31 de janeiro de 2023”, referiu.
Sindicato não exclui mais greves
Questionado sobre se o sindicato está a equacionar marcar a greve para o Natal e/ou o Ano Novo, Penarroias apontou: “Pode incluir ou pode não incluir”.
O presidente do SNPVAC disse que “até à data não recebeu nenhum contacto para negociar”, lamentando que “a empresa tenha optado por dialogar com o sindicato através da comunicação social”.
Sobre o impacto da greve de dois dias que termina hoje, o dirigente disse que “a empresa optou por cancelar voos e desinsuflar a greve”, lembrando que estavam previstos 301 para quinta-feira e estão a realizar-se 15 voos de serviço mínimo e 40 da Portugália.
Para o Sá Carneiro, onde habitualmente por dia a TAP opera cerca de 10 voos, para hoje estão previstos cinco, três deles a ser operados pela Portugália e dois a realizar ao abrigo dos serviços mínimos.
“Ao contrário do que se tem vendido, a atual situação da TAP nada tem a ver com a pandemia. Tem a ver com ano de má gestão. Seguramente os contribuintes aceitaram ajudar a TAP, mas não aceitaram a injeção de três mil milhões para a degradação das condições de trabalho dos trabalhadores da TAP”, afirmou.
Já a propósito das reivindicações que estão em cima da mesa, Ricardo Penarroias deu um exemplo prático de um casal em que ambos sejam chefes de cabine.
“O atual acordo de emergência representa um corte entre 1.200 a 1.400 [euros] no rendimento de um casal de chefes de cabine. Estamos a falar de um casal que tem os seus projetos de vida, mas por decisões que nada têm a ver com a realidade perde a sua estabilidade”, exemplificou.
TAP "lamenta profundamente esta situação"
A TAP operou os 41 voos previstos até às 11h00, do total de 119 programados para esta sexta-feira, o segundo dia de greve dos tripulantes de cabina, de acordo com a última atualização da companhia aérea portuguesa.
Devido à greve convocada para quinta-feira e hoje pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), a TAP está a operar com serviços mínimos decretados pelo tribunal arbitral e pelos seus parceiros.
Dos 30 voos de serviços mínimos determinados para hoje, a TAP diz que “já operou os nove previstos”, sendo que “apenas um voo para a Praia foi cancelado, mas devido a falta de passageiros”.
Segundo a companhia, na quinta-feira, o primeiro dia da greve, “foram feitos todos os 148 voos previstos, sendo 64 de serviços mínimos”.
Afirmando que “lamenta profundamente esta situação, que prejudica os clientes, a companhia e o país”, a TAP garante que “continua, como sempre, disponível para negociar com o SNPVAC, bem como com todos os sindicatos”.
A este propósito, salienta que “aceitou nove das 14 propostas do sindicato e pediu que a sua assembleia geral fosse antecipada para evitar o impacto na operação da companhia”.
“O aviso de greve dos tripulantes de cabina levou a TAP a cancelar 360 voos, uma decisão tomada tendo como prioridade a proteção dos clientes”, sustenta, afirmando que “pediu atempadamente aos seus passageiros para que remarcassem os seus voos voluntariamente” e que “todos os passageiros puderam pedir a remarcação ou um reembolso”.
Pedindo “desculpa a todos os passageiros”, a companhia assegura que “tudo está a fazer para minimizar o impacto” da greve e “agradece o profissionalismo de todos os tripulantes de cabina incluídos nos serviços mínimos, bem como os esforços de todos os trabalhadores da TAP envolvidos nesta operação”.
Os tripulantes de cabina da TAP cumprem hoje o segundo de dois dias de greve, convocada pelo SNPVAC, por falta de acordo nas negociações do novo Acordo de Empresa (AE).
[notícia atualizada às 12h20]