Em resposta por escrito a um pedido de esclarecimento hoje enviado pela agência Lusa, a APA adiantou estar a "realizar "diligências, através da Administração de Região Hidrográfica (ARH) do Norte, em articulação com o Núcleo de Proteção Ambiental (NPA) da GNR de Viana Do Castelo, no sentido de identificar a origem das descargas".
"Das diligências já realizadas pelo NPA da GNR, anteriormente e hoje, verifica-se que as descargas ocorrem através de condutas de águas pluviais e numa linha de água que se encontra entubada ao longo da referida zona industrial, o que dificulta as ações em curso para identificação da sua origem", sustenta a agência tutelada pelo Ministério do Ambiente.
A APA "prevê a realização de novas ações, em articulação com o NPA da GNR e outras entidades locais, com recurso a meios especializados que permitam a realização das diligências de forma mais eficiente".
A posição da APA surge na sequência da denúncia, pelo presidente da Junta de Freguesia de São Romão do Neiva, de duas "fortes" descargas poluentes, no ribeiro de Radivau, feitas hoje, em um intervalo de tempo entre elas de cerca de duas horas.
Em declarações à agência Lusa, Manuel Salgueiro adiantou que a primeira descarga, "muito mais forte" que as registadas em janeiro e fevereiro, ocorreu hoje cerca das 12:20, tendo acionado o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR.
Cerca das 14:00, já com os militares daquele serviço no local, registou-se a segunda descarga no ribeiro de Radivau, que atravessa a segunda fase da zona industrial de Neiva.
"É um líquido de cor acinzentada que corre pelo ribeiro. Esta descarga é muito forte. É incrível uma coisa destas", descrevia, no local, à Lusa.
"Já informei o presidente da câmara, que está muito preocupado, tal como eu. O problema é que nem a câmara, nem a junta de freguesia são agentes de investigação. Essa competência é das forças policiais", sublinhou Manuel Salgueiro.
Com as duas descargas hoje denunciadas e fotografadas pelo autarca, elevam-se para quatro as registadas desde janeiro.
"Eu não tenho conhecimento do resultado das anteriores investigações. Apenas chamo a GNR e depois não tenho conhecimento de mais nada. É revoltante. É chover no molhado. Cometem-se crimes ambientais, consecutivamente, e ficam impunes", lamentou.
Em fevereiro, aquando da última descarga poluente, a Lusa contactou a GNR que confirmou estar a investigar o novo caso de poluição.
Fonte daquela força policial adiantou que "a primeira denúncia de descargas poluentes ocorreu em julho de 2021, sendo que a investigação teve início em setembro do mesmo ano".
Manuel Salgueiro voltou a sublinhar que o ribeiro Radivau, desagua no rio Neiva, entre Castelo do Neiva, Viana do Castelo e, Antas, no concelho de Esposende, distrito de Braga, que no verão é "muito utilizado" para a prática balnear.