“Se todos os anos houvesse eleições, em março, a política era muito diferente”. É desta forma que o comentador da Renascença João Duque analisa o travão do Partido Socialista ao aumento do Imposto Único de Circulação (IUC), como constava da proposta de Orçamento do Estado para 2024.
No seu espaço habitual n'As Três da Manhã, Duque começa por lembrar que “havia uma série de princípios que orientavam o Governo a apresentar um orçamento baseado no equilíbrio das contas públicas, mais na transição energética, que obrigava a penalizar os grandes poluidores dos carros antigos que, assumidamente, eram grandes poluidores” e que “era preciso um combate absolutamente tenaz a mudarmos este paradigma do consumo de combustíveis fósseis”.
“São anunciadas umas eleições e, de repente, os carrinhos passam a deitar oxigénio cá para fora e a serem cobertos por flores e a fazerem parte do processo de fotossíntese”, atira.
Na visão do economista, “das duas uma: ou é pouco séria esta alteração ou é pouco séria a primeira apresentação da proposta e, assim, os portugueses não acreditam naquilo que são as propostas governamentais e afastam-se cada vez mais da política e aspiram por eleições todos os meses, pelo menos, todos os semestres, ou, pelo menos, todos os anos”.
Com eleições à porta, muito do que está no Orçamento do Estado “pode escorregar, particularmente as medidas mais difíceis e impopulares. Tudo o que seja agravamento de impostos”, adverte, assinalando que “promete-se mais, vai-se dar mais e recolhe-se menos impostos sobre as pessoas”.
“Isto pode agravar um bocado o défice, mas, também, é só um ano e quem vier a seguir que feche a porta e trate o problema”, remata.