A pandemia levou à multiplicação de casos de teletrabalho, trabalhar a partir de casa graças aos computadores e à internet. Uma vez ultrapassada a pandemia, irá manter-se o teletrabalho?
Certamente haverá mais pessoas a trabalhar a partir de casa do que antes do coronavírus. Mas essas pessoas não podem ser obrigadas pelas empresas – o teletrabalho só será legal desde que haja acordo entre o trabalhador e o patrão.
Claro que há atividades onde o teletrabalho é impossível – na construção civil, por exemplo, ou no fabrico de automóveis. E outras, como a medicina, onde é preciso tomar cuidado para não se deteriorar a relação entre médico e paciente. Pois se hoje já há quem se queixe de que os médicos olham mais para os computadores do que para eles...
Na mesma empresa haverá certamente quem goste de trabalhar em casa e quem precise do contacto humano que a empresa lhe proporciona – são pessoas que precisam da socialização no trabalho para não se deprimirem. Essa diversidade terá que ser respeitada. Como, para os que escolhem o teletrabalho, é necessária uma clara e justa definição do tempo de trabalho em casa, para evitar abusos.
Depois, há quem tenha condições em casa de isolamento e concentração para trabalhar no computador e quem não as tenha – por exemplo, porque tem filhos pequenos em casa, que perturbam a concentração.
Para as empresas e para os serviços públicos onde seja possível o teletrabalho, este poupa espaço, logo pode baixar custos. Mas diminui aquilo a que se chama a “cultura de empresa”. E quem trabalha em casa evita o custo e o incómodo da deslocação diária para a empresa ou serviço.
Em suma, o futuro do teletrabalho terá de contar com a diversidade de situações, seja na empresa ou no serviço e no tipo de trabalho, seja na personalidade e nas condições domésticas de cada trabalhador. Não pode haver uma fórmula genérica única para empresas e serviços públicos e para trabalhadores.