Os primeiros dias deste ano ficarão assinalados pela morte de homens que marcaram a vida de Portugal. De forma diferenciada é certo, mas todos merecedores do nosso reconhecimento: Mário Soares, Daniel Serrão, Guilherme Pinto.
Em comum, todos eles serviram a causa pública, um conceito que tende a desaparecer. Na verdade, o que existe cada vez mais é a consciência de uma corrupção normalizada, a certeza de que os jogos de interesses dominam e a convicção de que são cada vez menos aqueles que assumem o risco de servir o bem comum.
Talvez por tudo isto, passem desapercebidas algumas decisões que são a excepção que confirma a regra. Semanas antes de morrer, Guilherme Pinto entregou uma carta de renúncia ao seu mandato autárquico. Invocou motivos pessoais e deixou palavras que evocam honra no servir e a certeza de que o povo merece um Presidente a tempo inteiro e não alguém diminuído nas suas capacidades físicas.
Assumir a doença não é uma novidade nos dias que correm. Mas falar no direito que todos merecemos de que quem nos governa o faça com honra e a tempo inteiro é uma lição que não pode ser ignorada.
Guilherme Pinto não precisa de ser enaltecido. Mas podermos falar deste homem e da obra que deixa feita é uma inspiração para gerações mais novas, que irão continuar à frente dos destinos de juntas de freguesia e de câmaras municipais, locais onde se vive na prática, a teoria politica tão bem esgrimida em campanhas eleitorais.
Homens como Mário Soares, Daniel Serrão e Guilherme Pinto são um exemplo para o presente e o futuro de Portugal.