Com uma possível (nova) crise política à vista, o PS junta-se esta semana, em Tomar, para a Academia Socialista. Viabilizar ou chumbar o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) é a decisão mais difícil de tomar que recai sobre os ombros de Pedro Nuno Santos.
Entre esta quarta-feira e domingo, o PS reúne ex-ministros e dirigentes num hotel em Tomar para a sua rentrée política. Com o peso de um discurso prometido de António Costa, de regresso à atividade do partido quase meio ano depois, o sentido de voto da proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano é inevitável.
"É um assunto que será seguramente pensado e debatido por todos os participantes, mas não é um assunto que está em cima da mesa de discussão nesta edição da Academia Socialista", desvaloriza Miguel Costa Matos, deputado do PS, em declarações à Renascença.
Do lado do PS está a bola, uma vez que o Chega tem colocado cada vez mais longe a possibilidade de viabilizar o OE do Governo da AD, e os socialistas debatem-se entre viabilizar um Orçamento de um executivo a quem acusam de não estar disposto a negociar, ou precipitar o país numa nova crise política e, com isso, ir a votos contra um PSD que atravessa um bom momento, pelo menos a julgar pelas sondagens.
Pela primeira vez no papel de oposição (é a terceira edição da Academia Socialista), Miguel Costa Matos, um dos oradores, reconhece que isso distingue esta edição: "É naturalmente diferente, noutras edições tivemos ministros diretamente em contacto com os jovens, a influenciar a governação, agora teremos outra perspetiva, de pensar fora da caixa", explica o também secretário-geral da Juventude Socialista.
Para esta quarta-feira há jantar com intervenção de Carlos César, presidente do PS, que é um dos senadores do partido e que pode dar alguns sinais ao PS para lidar com a votação do Orçamento.
Para os próximos dias há discurso de Ana Drago, antiga deputada do Bloco de Esquerda; Alexandra Leitão, líder parlamentar do PS; António Costa, ex-líder socialista e presidente do Conselho Europeu eleito; e o último será o de encerramento, do atual secretário-geral, Pedro Nuno Santos.
Pelo meio, há discussões e painéis com independentes como o economista e professor Henrique Lopes Valença, e regressos como o de Duarte Cordeiro, ex-ministro do Ambiente, que se afastou da política e diz que não regressa até afastar qualquer suspeita no âmbito do caso Tutti Frutti.