É preciso uma “revolução coperniciana” que coloque as vítimas no centro
24-02-2019 - 11:05
 • Ecclesia

Mark Benedict Coleridge elenca medidas necessárias para evitar repetição destes casos.

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Mark Benedict Coleridge, presidente da Conferência Episcopal Australiana, defendeu hoje no Vaticano uma “revolução coperniciana” que coloque as vítimas dos abusos sexuais no centro da vida das comunidades católicas.

“A revolução coperniciana é a descoberta de que aqueles que foram abusados não giram à volta da Igreja, mas a Igreja à volta deles”, disse o arcebispo de Brisbane, na homilia da Missa conclusiva do Encontro sobre a Proteção de Menores na Igreja, convocado pelo Papa.

O responsável destacou que é necessário fazer tudo o que estiver ao alcance da Igreja para “levar justiça e cura aos sobreviventes de abuso”.

“Vamos ouvi-los, acreditar neles e caminhar com eles; vamos garantir que aqueles que abusaram nunca mais sejam capazes de ofender; chamaremos para prestar contas os que esconderam o abuso; fortaleceremos os processos de recrutamento e formação de líderes da Igreja; vamos educar todo o nosso povo no que a salvaguarda exige”, referiu.

Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para garantir que os horrores do passado não sejam repetidos e que a Igreja seja um lugar seguro para todos, uma mãe amorosa, especialmente para os jovens e os vulneráveis”.

O presidente da Conferência Episcopal Australiana, um dos países mais afetados pela crise dos abusos sexuais, sublinhou a necessidade de “aprofundar” este tema e os motivos pelos quais isto aconteceu na Igreja.

“Tudo isso vai levar tempo, mas não temos para sempre e não podemos falhar”, assumiu.

Falando na sala régia do Palácio Apostólico, perante cerca de 200 responsáveis da Cúria Romana, presidentes de Conferências Episcopais e superiores de Institutos religiosos, o arcebispo de Brisbane criticou quem vê nas vítimas um “inimigo” da Igreja e coloca como principal interesse a defesa da “reputação” da instituição.

Mas quem é o inimigo? Certamente não aqueles que desafiaram a Igreja a ver o abuso e a sua ocultação pelo que realmente são, acima de tudo as vítimas e sobreviventes que nos levaram à dolorosa verdade contando as suas histórias com tanta coragem”.

A inédita cimeira convocada pelo Papa contou com testemunhos de vítimas, relatórios e reflexões de bispos e religiosas dos cinco continentes, bem como de uma vaticanista mexicana, sobre a comunicação nestes casos.