O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pediu desculpa pelas suas declarações sobre o número de casos de abusos de menores ligados à Igreja.
"A minha intenção não foi ofender quando disse
o que disse, mas se porventura entenderam, uma que seja das vítimas, que está ofendida,
eu peço desculpa por isso, não era esse o meu objetivo. O meu objetivo era exatamente
o contrário, temer que muitas vítimas que por medo não tivessem falado e o
número que devia ser ainda mais alto tivesse ficado por onde ficou", justificou.
Em causa estão as declarações do Presidente da República que, na terça-feira, considerou que o número de casos de abusos sexuais na Igreja Católica não é "particularmente elevado", comparando com "outros países, e com horizontes mais pequenos", onde "houve milhares de casos".
Estas declarações foram mal recebidas por vários quadrantes políticos.
Nestas declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou ainda que continuará Presidente da República até ao fim do mandato, por mais três anos e meio, "exatamente como sempre" tem sido, "sem mudar uma vírgula nos valores, nos princípios, na determinação".
"O Presidente cá está, vai continuar o seu caminho, caminho que tem ainda pela frente três anos e meio, exatamente como sempre foi, sem mudar uma vírgula nos valores, nos princípios, na determinação, sempre, sempre ao serviço dos portugueses e de Portugal", declarou, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, à saída de uma conferência.
Marcelo Rebelo de Sousa agradeceu ainda aos portugueses que lhe enviaram "centenas, centenas de mensagens" nos últimos dois dias. "Dizendo, no fundo, aquilo que é óbvio: que me conhecem há não sei quantos anos, que conhecem os sete anos do meu mandato e que, portanto, sabem que as causas sociais, dos pobres, dos explorados, dos dependentes, dos abusados são as minhas causas sociais", referiu.
"Dizendo: nós conhecemos o seu caráter, é o que é, não muda aos 74 anos e ao sétimo ano de mandato", acrescentou.
Em terceiro lugar, o chefe de Estado deixou uma palavra "em especial para a comunicação social e para aqueles que no mundo político formularam os seus juízos" sobre as suas palavras de terça-feira, defendendo que "em democracia é fundamental o papel da comunicação social" e que "faz parte da democracia o espírito crítico, a abertura, o não haver as censuras".
"E, portanto, neste quadro, queria garantir aos portugueses e a todos quantos servem os portugueses e devem servir na comunicação social, nos movimentos sociais, nos partidos políticos, é que o Presidente cá está, vai continuar o seu caminho, caminho que tem ainda pela frente três anos e meio, exatamente como sempre foi, sem mudar uma vírgula nos valores, nos princípios, na determinação, sempre, sempre ao serviço dos portugueses e de Portugal", afirmou.