A líder parlamentar do CDS-PP, Cecília Meireles, acusa o Governo de não incluir nas suas prioridades uma baixa de impostos e assinalou que existe um "enorme abismo" entre "a propaganda" do executivo e a realidade do país.
"É de facto um orçamento de continuidade, sobretudo no enorme abismo que separa a propaganda do seu Governo, e as suas palavras aqui, da realidade do país e dos números", afirmou a deputada centrista.
Cecília Meireles respondia à intervenção de abertura do primeiro-ministro, António Costa, no debate na generalidade do Orçamento do Estado (OE) para 2020, que decorre na Assembleia da República, em Lisboa.
A líder do grupo parlamentar do CDS-PP ironizou também que a abstenção anunciada pelos partidos à esquerda não tenha sido uma novidade.
"Agora o novo voto a favor é a abstenção", atirou, assinalando que surpresa "só se for para os próprios, porque todo o país já tinha percebido que há muito que havia uma nova geringonça e que este orçamento ia ser viabilizado".
Na ótica de Cecília Meireles, "a baixa de impostos não é uma prioridade nem para o Governo nem para nenhum dos partidos que constitui esta nova geringonça" e os portugueses ficaram a saber isso precisamente porque "nenhum exigiu uma diminuição da carga fiscal ou sequer, no mínimo dos mínimos, uma manutenção da carga fiscal para viabilizar o orçamento".
"Não vale a pena fazermos malabarismos com os números quando os dados são muito claros", respondeu o chefe do Governo.
António Costa assinalou que "aquilo que faz aumentar a carga fiscal não são as receitas fiscais, o que faz aumentar a carga fiscal são as contribuições sociais", que, por sua vez, não sobem "nem pelo aumento da taxa nem pelo aumento da sua base de incidência".
"Aumenta simplesmente fruto do crescimento do emprego e da melhoria dos rendimentos", sustentou.