Luís Mira Amaral, antigo ministro da Indústria acusa o Governo de "enganar a opinião pública quando diz que com a energia solar consegue-se substituir o carvão. Não é verdade à hora de jantar e toda a gente percebe porquê, a essa hora não há sol e as centrais solares não funcionam. O carvão seria essencial para dar uma potência firme do backup a essa hora, além disso com a subida dos preços é necessária uma alternativa ao gás natural.”
Mira Amaral diz, por isso, ser necessário reativar as centrais a carvão de Sines e do Pego. Deixaram de ser atrativas devido à dupla tributação a que estavam sujeitas, sobre o carbono e o CO2 emitido, mas no atual contexto continuam a garantir energia a bom preço, mesmo com esta carga fiscal. “Com o preço estratosférico que o gás natural atingiu, neste momento é competitivo trabalhar com o carvão”, garante o antigo Ministro da Indústria.
Mira Amaral defende ainda que a emissão de duas centrais a carvão é “irrelevante”, no contexto mundial. Por isso, defende que Portugal aprenda com os alemães, que “já perceberam que foi totalmente irrealista a ideia de que as renováveis intermitentes conseguiam substituir o carvão e o nuclear”.
A alternativa ao carvão seria desenvolver o armazenamento de longo prazo da produção renovável, mas isso não responde aos problemas atuais, garante Mira Amaral. “Admito que daqui a uns anos isso possa ser possível, mas neste momento não é possível nem é viável, a tecnologia não está suficientemente desenvolvida, o mais realista é não inventar nada e manter uma parcela de carvão, como os outros países estão a fazer”.
Outra proposta do grupo é o nuclear, não no nosso país, mas onde já existe na Europa. “Os países que têm centrais nucleares, neste momento devem mantê-las. É o que a Alemanha vai fazer, a Alemanha que tem os Verdes no governo”, acrescenta Mira Amaral.
Este Observatório defende ainda o recurso à biomassa, a construção e manutenção de terminais de gás natural liquefeito e o reforço das interligações com França e Espanha.
As propostas
1. Manutenção das centrais a carvão e no caso português reativação das centrais de Sines e do Pego;
2. Manutenção da aposta na energia nuclear;
3. O recurso à biomassa para a produção de eletricidade;
4. Construção de terminais de gás natural liquefeito (GNL);
5. Reforço entre Espanha e França das interligações gasistas e das
interligações elétricas;
6. Modernização e desenvolvimento dos terminais de GNL já existentes;
7. Uma política europeia comum para compra de GNL e Gás natural;
8. Metas comuns a todos os países europeus para o armazenamento de Gás;
9. Aproveitamento da proximidade da Península Ibérica aos EUA e Africa, para o desenvolvimento tecnológico e técnico dos terminais de GNL;
10. Com as interligações em funcionamento na Europa, os mercados grossistas de gás e de eletricidade, devem ter regras comuns em toda a Europa, para que possamos ambicionar ter um preço de energia o mais próximo possível nos diferentes países europeus. O mesmo se aplica no mercado regulado e liberalizado;
11. Novo impulso às políticas que promovam o aumento da eficiência energética, como a substituição do aquecimento a gás por bombas de calor.