Misericórdia do Porto sem casas para responder a aumento de pedidos
09-05-2023 - 12:44
 • Henrique Cunha

Provedor revela à Renascença que há uma média de 20 pedidos de ajuda por mês desde o início do ano, e lamenta não haver "condições de acesso a financiamento" para construir novas habitações.

A Santa Casa da Misericórdia do Porto não tem casas casas para responder ao aumento do número de pedidos de ajuda no que toca à habitação. À Renascença, o provedor revelou esta terça-feira que há uma média de 20 pedidos de ajuda por mês desde o início do ano.

De acordo com António Tavares o problema "tem-se agudizado bastante" porque muitos proprietários não estão disponíveis para renovar contratos de arrendamento. O responsável adianta que "há muitas pessoas que correm o risco de ficar desalojadas".

O provedor da Santa Casa da Misericórdia adianta que os pedidos de ajuda desde o início do ano atingem uma centena. O responsável fala de “uma média de 20 pedidos por mês” que pontualmente são canalizados para o “nosso alojamento social de emergência”, mas “isso acontece em períodos muitos curtos até elas encontrarem soluções mais duradoiras”.

A maioria dos pedidos surge de casais que em média ganham o salário mínimo. Também há pessoas de fora da cidade do Porto que “não conseguem com os seus salários ser competitivos para arrendar casas”.

António Tavares adianta que as disponibilidades da Santa Casa não permitem dar resposta ao aumento de pedidos de ajuda, até porque “nós também estamos muito limitados naquilo que temos para disponibilizar”.

O provedor da Santa Casa da Misericórdia revela que no âmbito da "estratégia local de habitação" vai ser possível disponibilizar mais 50 habitações através de um protocolo com a Câmara do Porto. António Tavares lamenta o facto de, nesta altura, não haver "condições de acesso a financiamento" para uma aposta maior na construção de novas habitações.

O responsável espera que as políticas que estão "a ser estudadas pelo Governo possam vir a contemplar as instituições sociais", o que permitirá à Santa Casa "participar nesse esforço". Ainda assim, nestas declarações à Renascença, em que António Tavares aponta a falta de habitação como "a situação estrutural mais grave" que Portugal enfrenta neste momento, considera que "o arrendamento coercivo não vai resolver o essencial".

Dados divulgados em abril deste ano revelam que tinham já sido identificadas 66.635 famílias a viverem em condições indignas num universo de 242 municípios que estão a desenvolver estratégias locais de habitação no âmbito do programa 1.º Direito.