O governador do Banco de Portugal manifestou nesta quarta-feira estar contra a concessão de apoios generalizados no crédito à habitação.
Na sessão de apresentação dos resultados da instituição, Mário Centeno comentou o pedido de reflexão do Presidente da República à banca portuguesa depois de conhecido que os bancos voltaram a acumular lucros no primeiro trimestre, enquanto os juros dificultam o pagamento das prestações por parte das famílias.
Mário Centeno lembrou que “mais de metade dos contratos já teve uma taxa de juro mais alta do que aquela que existe hoje” e afirmou que medidas generalizadas de apoio “geram comportamentos de mimetismo” e “levam muitos a aderir a essas medidas sem terem verdadeiramente necessidade delas”.
Para o governador do Banco de Portugal, a situação cria “um problema para essas pessoas, para o futuro, sejam elas marcadas como incumpridoras ou não.”
Bancos têm de acompanhar famílias em dificuldade
Apesar disso, Mário Centeno reconheceu que os bancos têm obrigação de apoiar e acompanhar quem tem dificuldade em pagar o crédito.
“Os bancos têm de fazer o seu papel”, pois “é responsabilidade deles no contrato social que têm com Portugal fazê-lo” e “têm obrigação de acompanhar aqueles que possam estar em dificuldades e encontrar uma resposta no âmbito da sua atuação”.
Banco de Portugal com quebra de 40%
Nesta sessão, Mário Centeno revelou que o Banco de Portugal fechou 2022 com lucros de 297 milhões de euros, uma quebra de mais de 40%.
O Banco de Portugal entrega, assim, ao Estado, 371 milhões em dividendos e impostos.