A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) alertou, esta quarta-feira, para a morte de pelo menos 160 pessoas na sequência de uma série de ataques armados, entre 23 e 25 de dezembro, a várias aldeias no estado de Perenau, na região centro da Nigéria.
“O balanço ainda é provisório, mas terão sido mortas desde sábado, dia 23 de dezembro, e até ao Dia de Natal, pelo menos 160 pessoas em ataques por grupos armados em cerca de vinte aldeias no estado de Plateau, na região centro da Nigéria”, diz a AIS.
Há ainda a registar mais de três centenas de feridos, muitos dos quais tiveram de ser levados para unidades hospitalares locais, e cerca de duas centenas de casas destruídas.
Segundo o governador do estado de Plateau, Caleb Mutfwang, tratou-se de um ataque “bárbaro, brutal e desnecessário”. Citado pelas agências internacionais de notícias, o responsável considerou ainda que para as populações locais “foi um Natal muito assustador”.
Segundo as autoridades locais, os ataques foram “coordenados” e o balanço de mortos e feridos nas cerca de 20 aldeias é ainda provisório.
De acordo com a fundação pontifícia, o Plateau é um dos estados que mais têm sido atormentados ao longo dos últimos anos por tensões étnicas e religiosas, com ataques sistemáticos por parte de pastores nómadas fulani contra as comunidades locais de agricultores maioritariamente pertencentes à comunidade cristã.
No mais recente Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, editado este ano pela Ajuda à Igreja que Sofre, é referido que os muçulmanos também são vítimas de violência extremista, mas os cristãos são “desproporcionadamente” visados.
Já dados disponibilizados em agosto de 2021 pela ONG nigeriana Intersociety revelam que 43 mil cristãos foram mortos por jihadistas nigerianos em 12 anos, 18.500 desapareceram permanentemente, 17.500 igrejas foram atacadas, 2.000 escolas cristãs foram destruídas, 10 milhões foram desenraizados no Norte, 6 milhões foram forçados a fugir e 4 milhões são deslocados internos.
Em relação à região onde ocorreram os ataques do Natal deste ano, o relatório da Fundação AIS explica que as raízes desta violência são complicadas de traduzir, “embora se trate sobretudo de uma luta pelos recursos (terra e água) com elementos étnicos, políticos e religiosos”.
“Uma luta que opõe sobretudo pastores nómadas fulani, maioritariamente muçulmanos, e agricultores tradicionais, principalmente cristãos”, indicaa AIS.