Orçamento ou eleições. Montenegro rejeita governar em regime de duodécimos
23-09-2024 - 22:13
 • Manuela Pires

Não se trata de "fazer chantagem nem pressão política" Luís Montenegro falava no Conselho Nacional do PSD, onde, mais uma vez, apelou à responsabilidade do Partido Socialista em nome do interesse do país.

A cinco dias da reunião com o líder do PS, o primeiro-ministro esclarece que não está disponível para governar em duodécimos, se o orçamento do estado for chumbado. Foi a primeira vez que Luis Montenegro claramente sobre este cenário, aproveitando para lembrar que Marcelo Rebelo de Sousa partilha da mesma opinião.

“Eu exprimo em jeito de conclusão um pensamento que creio sua excelência o sr. Presidente da República tem deixado de forma muito clara à sociedade portuguesa” referiu.

"E esse pensamento, eu posso resumi-lo dizendo que estamos, relativamente ao Orçamento do Estado para 2025, confiantes na sua aprovação porque estamos conscientes que os duodécimos não são solução” disse Luis Montenegro aos conselheiros nacionais.

No discurso de abertura do Conselho Nacional do PSD, e depois de 24 horas de troca de comunicados e acusações com o líder do PS, Luis Montenegro não citou partidos nem líderes da oposição, mas pediu a todos responsabilidade porque caso contrário, a não aprovação do orçamento do estado vai abrir uma crise política e é a oposição que deve ser responsabilizada.

O primeiro-ministro garante que não está a fazer qualquer “chantagem nem pressão política”, mas avisou que é preciso ter noção que se o país for para eleições, são as terceiras em três anos.

“Isto não é nem chantagem política, nem pressão política, isto é apenas uma exigência democrática. Aquilo que queremos é que cada um assuma as suas responsabilidades” disse o primeiro-ministro.

“Todos tenham sentido de Estado, todos tenham a capacidade de colocar o interesse coletivo à frente de qualquer outro interesse mais individualizado. Todos tenham a noção de que tivemos duas eleições legislativas seguidas e que a haver umas terceiras, seriam as terceiras em três anos” avisou Luis Montenegro no discurso aos conselheiros nacionais.

O primeiro-ministro voltou a dizer que da parte do governo e do PSD “a porta está aberta” para a negociação e com a cabeça fria, sem estados de alma.

“Não vamos falar com impulsividade, com estados de alma, repito, vamos ter muita paciência, toda aquela que as portuguesas e os portugueses merecem, para que nós possamos privilegiar o interesse nacional face a qualquer outro interesse, mesmo que seja o nosso interesse partidário” defendeu o primeiro-ministro.

Luis Montenegro acusa a oposição de estar preocupada com as “pequenos detalhes, porque não tem nada para dizer aos portugueses” ao contrário do governo que “continua a trabalhar” para resolver os problemas das pessoas dando como exemplo o acordo com os enfermeiros alcançado horas antes.

O primeiro-ministro reiterou que está disponível para negociar mas volta a dizer que há limites para essa negociação que passam pelos “ compromissos assumidos durante a campanha eleitoral” e pela decisão da assembleia da república onde os partidos não rejeitaram o programa de governo.

A cinco dias do encontro em São Bento com Pedro Nuno Santos, o primeiro-ministro avisa que, se o Orçamento do estado for rejeitado, cabe aos partidos que votaram contra assumir a responsabilidade de uma crise política.

“Se o interesse nacional, no juízo destes partidos, for de rejeição do orçamento, têm de assumir a responsabilidade de rejeitar o Orçamento. Se o interesse nacional, na visão de outros partidos, é que devemos ter um Orçamento do Estado em vigor em 2025, devem naturalmente ter as iniciativas e diligências que possam contribuir para ter esse desfecho” concluiu o primeiro-ministro.

Na reunião do Conselho Nacional, os conselheiros aprovaram, por unanimidade, o adiamento do congresso para os dias 19 e 20 de outubro, em Braga.

Depois do discurso do líder do PSD, ninguém se inscreveu para falar, os conselheiros votaram o adiamento do congresso e a reunião terminou, meia hora depois de ter começado.

[notícia atualizada às 00h35 de 24 de setembro]