Seguimos, com preocupação, os protestos dos agricultores franceses. Os vários cortes de estradas afetaram camionistas vindos de Portugal e também camionistas dirigidos ao nosso país. E há a lamentar episódios de violência que atingiram alguns destes camionistas.
Mais importantes para o futuro da Europa são as manifestações que, na Alemanha, protestaram contra posições radicais anti-imigrante tomadas pelo partido de extrema-direita AfD, Alternativa para a Alemanha. Nas últimas semanas, o partido AfD tem sido alvo de forte contestação, com manifestações um pouco por todo o país. Durante o fim-de-semana perto de um milhão de pessoas saíram à rua em centenas de cidades e aldeias do país, para denunciar os perigos que a ascensão do partido representa para a democracia.
A divulgação de um plano, que estaria a ser preparado pela AfD, para a expulsão em massa de estrangeiros e "cidadãos não assimilados", chocou muitos alemães e incentivou as manifestações contra o extremismo da AfD. Ora estas manifestações pró-democracia levaram no passado domingo a AfD perder uma eleição local em que era o partido favorito. Aconteceu no distrito de Saale-Orla, na região da Turíngia (leste da Alemanha).
Os alemães não esquecem o horror do nazismo e da eliminação deliberada de judeus, homossexuais, ciganos, deficientes etc. O Holocausto foi uma das maiores tragédias do século XX. E revelou uma preocupante mentalidade hostil às pessoas diferentes, ao ponto de levar ao seu assassínio em massa.
Por isso, hoje os alemães reagem frontalmente contra partidos e propostas que lembram esse passado trágico da Alemanha. É uma reação que os parceiros europeus da Alemanha agradecem.
Mas os outros países europeus devem também rejeitar ideias e propostas de leis evocativas do fascismo. Sobretudo países como Portugal e Espanha, que viveram décadas sob regimes ditatoriais. Regimes que, sem chegarem aos extremos desumanos do nazismo alemão, limitaram muitos direitos e liberdades.