O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) reiterou, esta terça-feira, o apoio dos bispos portugueses à aposta nos cuidados paliativos em detrimento da eutanásia.
No seu discurso de abertura da assembleia plenária, que começou em Fátima, D. Manuel Clemente afirmou que “a resposta às situações difíceis só pode e deve ser o desenvolvimento e a generalização desses cuidados, dentro de uma sociedade e de um Estado que se tornem também ‘paliativos’, isto é, envolventes e cuidadores de cada pessoa, em especial das mais debilitadas”.
Considerando que “este é o único caminho realmente humano e humanizador que devemos seguir e onde há muito para andar”, o cardeal patriarca recordou a nota pastoral “Eutanásia: o que está em jogo? Contributos para um diálogo sereno e humanizador”.
No documento, os bispos declaram que “o direito à vida é indisponível” e afirmam que “nunca pode haver a garantia absoluta de que o pedido de eutanásia é verdadeiramente livre, inequívoco e irreversível”, concluindo que “não se elimina o sofrimento com a morte”, pois “com a morte elimina-se a vida da pessoa que sofre” e “o sofrimento pode ser eliminado ou debelado com os cuidados paliativos, não com a morte.”
D. Manuel Clemente lembrou também a recente “declaração conjunta das religiões monoteístas abraâmicas” sobre as problemáticas do fim da vida, apresentada no Vaticano, a 28 de setembro, em que responsáveis judeus, cristãos e muçulmanos manifestam o seu acordo relativamente à eutanásia e ao suicídio assistido, referindo que “são moral e intrinsecamente errados e deveriam ser proibidos sem exceção”.
O cardeal patriarca referiu-se ainda à declaração de cinco antigos bastonários da Ordem dos Médicos, em setembro de 2016, segundo a qual “a eutanásia, o suicídio assistido e a distanásia representam uma violação grave e inaceitável da ética médica”.
Para D. Manuel Clemente, “no atual momento sociopolítico português, estas posições tão unânimes não podem deixar de ser tidas em conta por legisladores e cidadãos em geral”.
S. Bartolomeu dos Mártires, uma figura “de evangelização essencial”
Neste discurso, o presidente da Conferência Episcopal considerou o novo santo português “uma figura de evangelização essencial”, pela importância que teve na formação do clero secular no Concílio de Trento.
“Era o século XVI, hoje estamos no século XXI”, lembrou D. Manuel Clemente que reforçou que “o repto era grande na altura e as dificuldades que S. Bartolomeu encontrou foram muitas e de vária ordem.”
Mas, prosseguiu o cardeal patriarca, “conseguiu no seu tempo o que pretendemos também agora, de modo especial nos nossos seminários e escolas teológicas: pastores à altura da evangelização que nos reclama.”
Jornada Mundial da Juventude: oportunidade e desafio
Na agenda dos bispos nesta assembleia plenária de novembro está a preparação da Jornada Mundial da Juventude a realizar em Portugal, em 2022.
Uma “oportunidade evangelizadora”, considerou D. Manuel Clemente, e um “desafio pelo que representa em qualidade e quantidade de objetivos a alcançar e de recursos a obter, como nunca aconteceu entre nós e para a multidão juvenil que acorrerá do mundo inteiro”.
“Também para o país e para além dos limites confessionais, será uma boa altura de rejuvenescimento sociocultural,” concluiu o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa.
Em cima da mesa dos bispos nesta assembleia plenária está ainda a tradução portuguesa do Missal Romano, fruto do trabalho da Comissão Episcopal da Liturgia e dos seus colaboradores.