Um ano depois de Francisco Rodrigues dos Santos ter chegado à liderança do partido, os críticos da sua direção avançam com um pedido de congresso antecipado. A noite das eleições presidenciais do passado domingo parece ter sido o momento pelo qual esperava a oposição interna, que vai avançar com o pedido de um conselho nacional para convocar um congresso antecipado.
Sem ter apresentado candidato próprio, o presidente do CDS foi o primeiro a reclamar a sua parte na vitória de Marcelo Rebelo de Sousa, mas essa leitura não corresponde aquela que é feita por antigos dirigentes e será Adolfo Mesquita Nunes a avançar publicamente com o pedido para devolver a palavra aos militantes.
"O estado do partido é crítico", diz à Renascença um destacado centrista, que considera que a situação se tornou “sistémica” desde a noite de domingo. Os resultados somados do Chega e da Iniciativa Liberal, que apresentaram candidatos próprios, são o sinal de alarme sobre os sinais vitais do CDS.
No artigo publicado no Observador, Mesquita Nunes escreve que “o CDS tem um problema de sobrevivência” que é preciso resolver rapidamente. “Não se trata de uma opinião singular, mas de um juízo consensual: não há ninguém que pense que as coisas estão a correr bem”, escreve o antigo secretário de Estado do Turismo que foi também vice-presidente na direção de Assunção Cristas.
Francisco Rodrigues dos Santos considera que teve vitórias nos dois atos eleitorais que decorreram neste seu ano de mandato: primeiro, nas eleições regionais dos Açores, que ditaram um resultado que levou o CDS para o governo açoriano, com Artur Lima, presidente do CDS-Açores e um dos vices do partido, a ser o número dois do executivo regional; no domingo, nas presidenciais, com a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa que o CDS apoiou depois de um conselho nacional muito discutido.
Nesse conselho nacional, Adolfo Mesquita Nunes chegou a lamentar que a direção do partido não tivesse aproveitado a sua disponibilidade para concorrer às eleições presidenciais.
Agora, Mesquita Nunes defende a “realização de um Conselho Nacional urgente que discuta se deve devolver a palavra aos militantes através de um congresso eletivo, se necessário em formato digital”, lembrando o congresso que foi realizado há dias pelos democratas-cristãos alemães. “Em poucas semanas será possível fazer esse congresso, se o conselho nacional reunir e assim o deliberar”, acrescenta no artigo com o título “Uma nova força para o CDS”.