Doentes com cancro esperam meio ano por tratamentos no IPO do Porto
08-02-2023 - 11:03
 • Olímpia Mairos , Ana Fernandes Silva

Mais de um terço dos doentes oncológicos são operados com tempo de espera superior ao tempo máximo de resposta garantida, denuncia sindicato. A administração do IPO confirma a existência de cerca de uma centena de doentes nessa situação.

Um terço dos doentes com cancro espera meio ano por tratamentos no Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, tempo de espera superior ao máximo de resposta garantida.

A denúncia parte do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que aponta a falta de médicos como causa do problema.

Em declarações à Renascença, o secretário-geral do DIM, Jorge Roque da Cunha, alerta para as consequências da falta de investimento no Serviço Nacional de Saúde: "A falta de investimento no Serviço Nacional de Saúde tem feito com que muitos médicos têm saído e não têm sido substituídos com os novos concursos e a situação é de tal maneira grave que muitos dos doentes, cerca de um terço deles, não estão a ser operados nos tempos necessários."

Questionado sobre se estas esperas podem colocar em causa uma vida, o dirigente não tem dúvidas: “Com certeza que sim. Não tenhamos medo das palavras."

O IPO do Porto confirma a existência de cerca de uma centena de doentes a aguardar cirurgia para lá do tempo máximo de resposta garantido.

Num esclarecimento enviado à Renascença, a administração do IPO diz que, dos 938 doentes, apenas 10,5% aguardam para lá do tempo padrão.

Em 2021, o IPO do Porto “realizou 8.463 cirurgias por neoplasias malignas, o que corresponde a mais do dobro das cirurgias realizadas pela segunda instituição com maior atividade cirúrgica oncológica”.

A instituição acrescenta que não transfere doentes para o setor privado e que cumpre as normas do SIGIC – Sistema centralizado do Ministério da Saúde, que prevê que sempre que seja ultrapassado o tempo máximo de resposta garantida (TMRG), seja emitido um vale para que a cirurgia possa vir a ser efetuada noutro hospital convencionado com o SNS.

"Em 2022, menos de 0,5% dos doentes aqui seguidos com doença oncológica ativa foram operados noutras instituições utilizando o vale emitido", sublinha o IPO em comunicado.

A unidade de cuidados de saúde oncológicos garante que os tratamentos dentro da instituição. "Importa destacar que muitos dos adiamentos cirúrgicos decorrem de complicações clínicas dos doentes, o que impossibilita o tratamento cirúrgico no tempo inicialmente definido. Mais se informa que o índice de case mix do IPO do Porto é o mais alto do país, o que reflete que é nesta instituição que se tratam os doentes mais complexos do Serviço Nacional da Saúde", refere a administração do IPO do Porto.

[notícia atualizada]