Um terço dos doentes com cancro espera meio ano por tratamentos no Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, tempo de espera superior ao máximo de resposta garantida.
A denúncia parte do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que aponta a falta de médicos como causa do problema.
Em declarações à Renascença, o secretário-geral do DIM, Jorge Roque da Cunha, alerta para as consequências da falta de investimento no Serviço Nacional de Saúde: "A falta de investimento no Serviço Nacional de Saúde tem feito com que muitos médicos têm saído e não têm sido substituídos com os novos concursos e a situação é de tal maneira grave que muitos dos doentes, cerca de um terço deles, não estão a ser operados nos tempos necessários."
Questionado sobre se estas esperas podem colocar em causa uma vida, o dirigente não tem dúvidas: “Com certeza que sim. Não tenhamos medo das palavras."
O IPO do Porto confirma a existência de cerca de uma centena de doentes a aguardar cirurgia para lá do tempo máximo de resposta garantido.
Num esclarecimento enviado à Renascença, a administração do IPO diz que, dos 938 doentes, apenas 10,5% aguardam para lá do tempo padrão.
Em 2021, o IPO do Porto “realizou 8.463 cirurgias por neoplasias malignas, o que corresponde a mais do dobro das cirurgias realizadas pela segunda instituição com maior atividade cirúrgica oncológica”.
A instituição acrescenta que não transfere doentes para o setor privado e que cumpre as normas do SIGIC – Sistema centralizado do Ministério da Saúde, que prevê que sempre que seja ultrapassado o tempo máximo de resposta garantida (TMRG), seja emitido um vale para que a cirurgia possa vir a ser efetuada noutro hospital convencionado com o SNS.
"Em 2022, menos de 0,5% dos doentes aqui seguidos com doença oncológica ativa foram operados noutras instituições utilizando o vale emitido", sublinha o IPO em comunicado.
A unidade de cuidados de saúde oncológicos garante que os tratamentos dentro da instituição. "Importa destacar que muitos dos adiamentos cirúrgicos decorrem de complicações clínicas dos doentes, o que impossibilita o tratamento cirúrgico no tempo inicialmente definido. Mais se informa que o índice de case mix do IPO do Porto é o mais alto do país, o que reflete que é nesta instituição que se tratam os doentes mais complexos do Serviço Nacional da Saúde", refere a administração do IPO do Porto.
[notícia atualizada]