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É “muito grave” a situação que o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas encontrou na Venezuela. José Luís Carneiro esteve no país na semana passada e encontrou-se com as autoridades de Caracas e Valência.
“É muito grave do ponto de vista da escassez alimentar e também do ponto de vista da falta de medicamentos e da exiguidade de recursos de saúde. Os níveis de conflitualidade política têm-se vindo a agravar e, em função deste quadro, encontrei os portugueses muito preocupados”, relata na Manhã da Renascença, esta segunda-feira.
Apesar disso, José Luís Carneiro diz que os portugueses têm “uma vontade férrea de vencer”, até porque “já viveram muitas crises, ao longo das últimas décadas, na Venezuela”.
Muitos portugueses foram agora alvo de assaltos aos seus estabelecimentos comerciais, mas já se encontravam a reabrir as portas. E são estes emigrantes que só deixarão o país em “último recurso”.
Os jovens, por outro lado, já estão a procurar alternativas de vida em outros países, na maioria fronteiriços, mas também mais distantes da Venezuela, como Espanha. Alguns decidem buscar a sorte na ilha da Madeira, refere o secretário de Estado.
Portugal apoia famílias portuguesas na Venezuela
Em entrevista à Renascença, José Luís Carneiro garante que o Governo português está a apoiar as famílias portuguesas com mais necessidade através das 47 associações existentes na Venezuela.
O Estado português pediu a estas associação que identificassem as famílias mais carenciadas – em termos de saúde, alimentação habitacional e outros – e é de acordo com essa avaliação que o Governo envia ajuda financeira, depois traduzida nos bens em necessidade, distribuídos aos agregados familiares identificados.
Este apoio destina-se também à população mais idosa.
Para chegar a mais famílias, nomeadamente às que se encontram em zonas mais periféricas, o Governo decidiu reforçar, no último ano, o número de conselheiros sociais dos postos consulares e ficou decidido, “nesta visita”, que estes conselheiros “vão agora encetar um conjunto de contactos com territórios mais periféricos, na fronteira com outros países, tendo em vista fazer chegar o apoio do Estado português às famílias que, estando mais distantes dos postos consulares, têm mais dificuldades em aceder a [esse] apoio e protecção”.
O secretário de Estado refere ainda que Portugal tem “10 cônsules honorários activos que trabalham directamente com os serviços consulares de Valência e Caracas, que continuam a fazer as permanências consulares nos locais mais recônditos”.
Quanto aos portugueses que queiram deixar a Venezuela, José Luís Carneiro garante que também serão apoiados.
“Aqueles que têm necessidades efectivas relativamente ao seu regresso a Portugal e com provada carência económica, devem deslocar-se ao movimento associativo e também aos serviços consulares, nomeadamente aos responsáveis sociais do movimento consular, por forma a poderem obter o apoio necessário do Estado português, que é para o conjunto das suas vidas. Se no âmbito dessas prioridades estiver a de saída, o Estado não deixará de apoiar”, assegura.
José Luís Carneiro esteve na Venezuela na semana passada, acompanhado pelo secretário do Governo Regional da Madeira, com o objectivo de se inteirar da situação da comunidade portuguesa no país.
“É muito importante manter um canal estreito de comunicação e colaboração com as autoridades venezuelanas, no sentido de que a segurança e o bem-estar da comunidade portuguesa e luso-venezuelana seja o mais possível preservado”, sustentou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, quando anunciou a viagem.