“Natal é nascimento. E não é um nascimento qualquer”, diz D. Manuel Clemente
24-12-2019 - 21:00
 • Filipe d'Avillez , Joana Bourgard

Na sua mensagem de Natal o cardeal D. Manuel Clemente pede que cada um se faça presente, “porque, às vezes, oferecem-se presentes para de alguma maneira colmatar a falta de presença real”.

O patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, recorda aos católicos que o dia de Natal tem um sentido muito próprio, que não se deve menosprezar. Celebrar o nascimento de Jesus.

Na sua mensagem de Natal para este ano de 2019, divulgada, como tem sido habitual, num vídeo publicado no site do Patriarcado e emitido na televisão pública, o cardeal recorda o verdadeiro sentido desta festa.

“Natal significa nascimento e não é um nascimento qualquer, é o nascimento de Cristo, há dois milénios, em Belém de Judá. E é esse o acontecimento que realmente estamos a celebrar, para sermos autênticos e para termos todo o fruto e proveito para as nossas vidas, das nossas famílias e da nossa sociedade inteira.”

D. Manuel refere-se depois ao texto do Papa Francisco, publicado este Advento, sobre o presépio e o seu significado mais profundo. O patriarca particulariza para o caso português, recordando a antiga tradição dos presépios artesanais. “Todos nós temos estas imagens bem presentes dos nossos grandes barristas e autores de presépios do século XVIII que, à volta de gruta de Belém, à volta do menino, da sua mãe, do seu pai adotivo, dos pastores, vão reunindo muitas outras personagens, que representam um pouco toda a vida, as coisas mais comuns, os alimentos que se procuram, o gado que se guarda, as várias profissões e ofícios nos nossos presépios portugueses. O Papa relembra – não estes concretamente, mas em geral – que à volta do presépio toda a vida pode e deve encontrar-se, nas suas mais diversas manifestações”.

Mais do que folclore, esta presença de figuras, personagens e ofícios que certamente não se encontrariam em Belém da Judá no ano em que Cristo nasceu, têm um significado teológico importante.

“Todas estas realidades, diz o Papa, os devem levar a entrar também no presépio para que esses sentimentos que representavam, esses personagens, sejam também os nossos sentimentos no acolhimento de um Deus que nasce, afinal de contas, na maior das simplicidades, identificando-se com tudo quanto é simples, frágil, e que aí mesmo nos espera, com todos aqueles que guardam aquela realidade, com Maria, com José, com todos aqueles que acorrem ao essencial, como os pastores, com todos aqueles que procuram de longe e finalmente encontram.”

D. Manuel termina a sua mensagem com uma referência à tradição de oferecer presentes no Natal, recordando que “o mais importante é que cada um de nós também se torne presente onde precisamos de estar. Porque, às vezes, oferecem-se presentes de fora para de alguma maneira colmatar, mas sem o conseguir, a falta de presença real junto dos outros”.

“Que a lição do presépio seja a nossa verdade e que na alegria desta noite seja também a reconstrução do mundo. Um santo e feliz Natal para todos”, conclui D. Manuel Clemente.