Saúde. Falta de material básico nas ULS leva utentes ao privado
18-10-2024 - 09:25
 • Renascença

Presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública reage a estudo da Associação Nacional de Unidades de Saúde Familiar.

O presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública (ANMSP), Gustavo Tato Borges, considera que as Unidades Locais de Saúde (ULS) "não estavam preparados" para uma "transição rápida e instantânea".

"Foi uma mudança muito radical", afirma, numa reação a um estudo da Associação Nacional de Unidades de Saúde Familiar (USF-AN). O trabalho denuncia problemas de acesso aos serviços hospitalares do setor público, dificuldades no sistema informático e falta de material básico.

Como consequência direta da mudança, o novo sistema "tornou o normal abastecimento dos materiais, das vacinas e dos diferentes componentes [...] diferente", dificultando também a adaptação dos "mecanismos" de trabalho.

Gustavo Tato Borges acredita que "este foi o grande problema da generalização do modelo do ULS no Serviço Nacional de Saúde"

"Os modelos de ULS são entidades públicas empresariais e, por isso, têm regras apertadas para funcionar", defende o presidente da ANMSP.

As mudanças nas Associações Regoinais de Saúde (ARS) também contribuiram para dificuldades no normal funcionamento do dia-a-dia das unidades de saúde em todo o país. Na visão de Gustavo Tato Borges, não foram pensas as bases necessárias para o bom funcionamento das ULS. Além disso, denuncia o não entendimento entre "secretários hospitalares e secretários subprimários".

Sobre o estudo das USF-AN, que irá ser apresentado esta sexta-feira, o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública (ANMSP), ato Borges, diz que as dificuldades enumeradas no relatório é uma "realidade concreta".

"Passamos por estas dificuldades, mas também acredito que o modelo nesta fase da nossa implementação está já mais aperfeiçoado", acrescenta.

O material que falta nos serviços de saúde são essenciais tão básicos como "pensos, compressas e soro fisiológico". São estas situações que levam a atrasar o tempo útil de resposta aos utentes, naqueles que devem ser "serviços de contacto mais imediato".

Na perspetiva de Tato Borges, estas situações fazem com que muitas vezes os utentes tenham de recorrer "a outros serviços", nomeadamente "no setor privado".

Face a este cenário, o presidente da ANMSP acredita que "as ULFs já estão, de facto, um bocadinho mais oleadas para funcionar desta forma", mas não deixa de sublinhar a gravidade da falta de resposta médica. "O risco é que os nossos utentes vejam as suas situações de saúde mais agravadas", alerta.