Os Prémios Pfizer, considerados as mais antigas distinções para a investigação biomédica em Portugal, foram este ano atribuídos a trabalhos sobre as doenças de Alzheimer e obesidade. Cada investigador vai receber 30 mil euros.
Os prémios, promovidos pela farmacêutica Pfizer (que financia) em parceria com a Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa, são atribuídos nas categorias de investigação básica e investigação clínica.
Imunologista Henrique Veiga-Fernandes (Fundação Champalimaud)
O distinguido na categoria de investigação básica, juntamente com outros colegas, descobriu numa experiência com ratinhos, que o sistema nervoso e o sistema imunitário trabalham em equipa para queimar a gordura em excesso no corpo.
Segundo explicou anteriormente à Lusa o imunologista, tal trabalho em equipa é "determinante para a manutenção de um peso saudável e a redução do risco de desenvolvimento de doenças associadas à obesidade, como o cancro".
Na experiência feita com os roedores, os investigadores descobriram que os neurónios (células do sistema nervoso) comunicam com um certo tipo de células imunes que existem no tecido adiposo, as células linfoides inatas do tipo 2 (ILC2), através de outras células, as células mesenquimais.
Neurocientista Tiago Gil Oliveira (Escola de Medicina da Universidade do Minho)
O premiado na categoria de investigação clínica disse que o trabalho da sua equipa confirmou, através da análise de exames de ressonância magnética feitos ao cérebro de doentes, que a região temporal medial, onde está situado o hipocampo, estrutura importante para a memória e a aprendizagem, "é a região mais afetada" na doença de Alzheimer e na 'tauopatia primária relacionada com a idade', ambas formas de demência.
Contudo, apesar de partilharem a mesma região cerebral afetada, as duas doenças distinguem-se pelo grau de atrofia desta região (que é maior na doença de Alzheimer) e pela concentração de proteínas tóxicas (a tauopatia primária relacionada com a idade "apresenta apenas parte da acumulação de proteínas que é típica da doença de Alzheimer").
Tiago Gil Oliveira espera, no futuro, "conseguir diagnosticar e distinguir com recurso à ressonância magnética cerebral as diferentes doenças neurodegenerativas, como a de Alzheimer, numa fase precoce, de modo a poder encaminhar os doentes para as melhores abordagens terapêuticas e prevenir a progressão para fases da doença mais avançadas".