O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo grupo islamita Hamas, disse esta sexta-feira que 24 doentes morreram nas últimas 48 horas no hospital al-Shifa, que se encontra privado de eletricidade, três dias após a entrada das forças israelitas.
As mortes são justificadas pelo porta-voz do Ministério da Saúde do Governo do movimento islamita palestiniano Hamas, Ashraf al-Qidreh, com a paragem de equipamentos médicos vitais devido ao corte de energia no maior complexo hospitalar da Faixa de Gaza.
A maioria dos hospitais em Gaza já não tem uma gota de combustível para alimentar os seus geradores, afirmou à agência France-Presse (AFP).
O porta-voz indicou que, desde a noite passada, o Exército israelita destruiu três edifícios na parte ocidental do complexo: a cantina do hospital, o departamento de manutenção e o departamento de recursos humanos.
O Governo de Israel aprovou esta sexta-feira a entrada diária de dois camiões com combustível na Faixa de Gaza, apesar de as organizações de ajuda humanitária terem alertado que, para suprir as necessidades, é necessário um fluxo constante.
A autorização só foi dada pelo Governo israelita depois de o exército e os serviços secretos terem aprovado a medida e após pedido prévio das autoridades dos Estados Unidos.
O objetivo é "garantir a manutenção mínima das necessidades dos sistemas de água, resíduos e saneamento" para evitar um surto de doenças que "potencialmente" também poderiam espalhar-se para Israel, segundo explica o documento do Governo, citado pelo jornal The Times of Israel.
Um primeiro carregamento, de 23 mil litros de combustível, foi destinado à agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA), mas com a condição de só ser utilizado no reabastecimento de veículos que entrem no território para fornecer ajuda.
Esta sexta-feira, cerca de 150 mil litros de combustível destinados a abastecer os geradores de hospitais entraram na Faixa de Gaza através da passagem fronteiriça de Rafah, que liga o enclave ao Egito, informaram os meios de comunicação social egípcios.
Ao mesmo tempo, as entregas de ajuda à Faixa de Gaza são interrompidas precisamente por falta de combustível para transportá-las para o território palestiniano, segundo a ONU, que teme um "risco imediato de fome" para os 2,4 milhões de residentes retidos no enclave.
Nos últimos dias, os tanques israelitas reforçaram o seu controlo na Cidade de Gaza, e particularmente nos seus hospitais, nomeadamente o al-Shifa, que Israel diz ser usado pelo Hamas como base militar, o que o movimento nega.
A situação " é catastrófica", segundo o diretor do hospital, Mohammed Abou Salmiya, enquanto a ONU afirma que 2.300 pacientes, cuidadores e pessoas deslocadas encontraram ali refúgio, mantendo-se sem eletricidade, "nem água e alimentos", segundo médicos palestinianos e ONG internacionais.
Cerca de 40 pacientes de cuidados intensivos e bebés prematuros morreram em Al-Chifa devido à paragem de ventiladores e incubadoras, de acordo com as mesmas fontes.
O exército israelita disse à AFP que continuava esta sexta-feira as suas buscas no complexo hospitalar em busca de supostos esconderijos do Hamas.
As forças israelitas afirmam ter encontrado no complexo hospitalar equipamento militar, tecnológico e postos de comando no complexo hospitalar, onde nas últimas 24 horas também descobriram, em estruturas adjacentes, os corpos de dois reféns em posse do movimento islâmico desde 7 de outubro.
Nesse dia, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) - desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel - realizaram em território israelita um ataque de dimensões sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, cerca de cinco mil feridos e mais de 200 reféns.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que cercou a cidade de Gaza.
A guerra entre Israel e o Hamas, que esta sexta-feira entrou no 42.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora na Faixa de Gaza 11.500 mortos, na maioria civis, 29.800 feridos, 3.250 desaparecidos sob os escombros e mais de 1,6 milhões de deslocados, segundo o mais recente balanço das autoridades locais.