“A avenida de Ceuta não parece um Casal Ventoso. Há zonas em que parece Detroit”, diz Henrique Raposo no comentário à notícia sobre o aumento do consumo de droga naquela avenida da cidade de Lisboa.
Preocupados com o fenómeno, os presidentes da Junta de Freguesia de Alcântara e de Campo de Ourique enviaram uma carta aberta ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, e ao ministério da Administração Interna.
No documento a que a Renascença teve acesso, os responsáveis socialistas alertam para o “aumento do número de pessoas a realizarem consumo de substâncias psicoativas a céu aberto” e pedem medidas com “caráter de urgência” para esta área da cidade de Lisboa que antes era ocupada pelo bairro do Casal Ventoso, já na altura conhecido pelo consumo de drogas.
“Estamos perante um novo Casal Ventoso”, alertou Davide Amado, que afirma que o nível de resposta é o mesmo há vários anos, apesar de o problema se acentuar.
Na visão do comentador d’As Três da Manhã, o problema não se restringe à Avenida de Ceuta.
“Em bairros à volta de Lisboa, a situação está a voltar a piorar, estamos a ver cenas da nossa Juventude nos anos 90 e 80”, diz Raposo, assinalando que também “os Açores estão com problemas gravíssimos de droga sintéticas de nova geração, que são feitas em qualquer barraca, com base em colas, pesticidas, fertilizantes”.
“Drogas que escapam por completo ao controlo da lei, no sentido em que são baseadas em princípios ativos que a lei não consegue proibir em tempo útil. As coisas, de facto, estão a ficar bastante feias e graves”, sublinha.
No seu espaço de comentário na Renascença, Raposo dá razão ao autarca de Campo de Ourique e afirma que “se estas cenas se estivessem a passar ao pé da Web Summit, os telejornais falariam do assunto e a Câmara Municipal e o Governo já estariam a tratar do assunto de várias maneiras”.
Para além de estar a falhar a perceção da sociedade e dos média sobre o consumo de droga, o comentador aponta a pandemia e os confinamentos como uma das causas para o seu aumento.
“Um dos efeitos colaterais muito graves do ficar em casa foi o desemprego de longa duração de muitos homens e mais recaídas de quem estava limpo há muito tempo, que levou com aquela interrupção brutal da normalidade, entraram em recaídas brutais e cruzar-se com o efeito da crise de habitação, em que famílias são despejadas e ficam ao lado daquelas cenas, seringas…”, observa.
E, segundo Raposo, quando se cruza uma crise de habitação com uma crise de droga, está-se “a deitar gasolina para o fogo”.