Depois de, na terça-feira, o governo francês ter decidido forçar a abertura das duas refinarias da ExxonMobil - que se encontram paralisadas por uma greve que se estende também a outras da TotalEnergies - agora, ameaça recorrer a uma requisição civil mais abrangente do que a que está em vigor, por forma a assegurar a estabilidade de fornecimento.
Nesta altura, pelo menos, um terço dos postos de abastecimento franceses registam falta de combustível – o que já levou o estado francês a libertar reservas de combustível.
Há mais de 10 dias que os trabalhadores das refinarias estão a bloquear várias infraestruturas, impedindo o abastecimento de combustível no país, o que tem levado a uma corrida às bombas de gasolina e consequentemente à escassez de combustível à volta das grandes cidades, bem como ao aumento dos preços da gasolina e do gasóleo.
Perante filas intermináveis e dificuldades de abastecimento de norte a sul do país, o Governo decidiu na terça-feira à noite proceder a uma requisição dos trabalhadores das refinarias, e quem se recusar a trabalhar, pode incorrer em multas até 10 mil euros.
O motivo da greve, que decorre há mais de duas semanas, prende-se com uma melhor redistribuição dos lucros excessivos destas empresas, incluindo um aumento de salário.
Entretanto, o protesto está a alastrar e já atinge seis das sete existentes no país, depois da Donges (TotalEnergies), perto do porto de Saint-Nazaire, ter entrado esta terça-feira.
Segundo a imprensa francesa, esta refinaria entrou em greve a partir das 5h00 de quarta-feira, uma vez que os seus colaboradores ficaram insatisfeitos com a abertura forçada de duas refinarias - uma da TotalEnergies e outra da ExxonMobil - decretada pelo Governo francês.
A CGT exige do grupo francês, que obteve 10.600 milhões de dólares em lucros no primeiro semestre, um aumento salarial de 10%. Desses, 7% para compensar o efeito da inflação e um adicional de 3% para a redistribuição de benefícios.
Macron promete restabelecimento de combustível em França durante "próxima semana"
O presidente francês, Emmanuel Macron, prometeu, na quarta-feira, o restabelecimento dos combustíveis "durante a próxima semana".
"Essas carências não têm nada que ver com a guerra, são conflitos sociais em duas empresas, que são a Exxon e a Total [TotalEnergies], que obtiveram lucros significativos (...), que distribuíram pelos seus acionistas e que têm uma negociação em curso", justificou Macron, apelando “à responsabilidade" por parte dos dirigentes destas empresas e sindicatos.
Segundo afirmou Macron, em entrevista à France 2, "as negociações, finalmente, começaram" com a TotalEnergies, por isso, espera que "nas próximas horas possam chegar a um acordo".
A primeira-ministra, Élisabeth Borne, reconheceu que a situação de abastecimento nos postos de gasolina "é difícil", com 30% de todos os postos do país sem pelo menos um tipo de combustível, adiantando que "em alguns lugares é insuportável", mas garante que "o governo agiu" aumentando as importações ou permitindo excecionalmente a circulação de camiões-tanque durante o fim de semana.
A escassez de combustível devido às paralisações nas refinarias iniciadas há duas semanas levou a um aumento dos preços nos postos de gasolina.
De acordo com os dados atualizados na segunda-feira pelo Governo, o preço médio do litro de gasóleo aumentou 23 cêntimos desde o final de setembro, para 1,93 cêntimos, e o da gasolina 16 cêntimos, para 1,68 euros.