A procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, rejeita o prolongamento da “Operação Marquês” ou perde a autoridade, afirma a defesa de José Sócrates.
Em declarações à Renascença, o advogado João Araújo afirma que Joana Marques Vidal não pode aceitar a prorrogação do prazo por mais dois meses, como pediu esta quarta-feira o Ministério Público, em defesa da própria PGR.
“[Joana Marques Vidal] Deve defender a honra e a autoridade da Procuradoria-Geral da República, deve honrar o prazo que terminou, sob pena de perder autoridade. Deve indeferir. Deferir um pedido de prorrogação de um prazo que ela marcou põe em crise a sua autoridade e a dignidade do cargo”, afirma João Araújo.
“O processo penal caracteriza-se pelo contraditório, as pessoas têm o direito a ser ouvidas, convinha que se ouvisse os arguidos”, sublinha o advogado de José Sócrates.
A equipa do Ministério Púbico (MP) que investiga a “Operação Marquês” pede, pelo menos, mais 60 dias à procuradora-geral da República, que já tem em mãos o despacho com pedido de prorrogação do prazo, confirmou a Renascença junto de fonte judicial.
Está agora nas mãos de Joana Marques Vidal decidir se a investigação tem até Maio para consolidar provas ou não. Sendo certo que nesta altura os investigadores não estão em condições de apresentar um despacho final na sexta-feira, último dia do prazo dado pela PGR.
José Sócrates é o principal arguido da "Operação Marquês". Está indiciado pelos crimes de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais, numa investigação que conta, até ao momento, com 25 arguidos - 19 pessoas e seis empresas, quatro das quais do Grupo Lena - estando a decisão do Ministério Público de acusar ou arquivar o processo marcada para a próxima sexta-feira.
Entre os arguidos estão o ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos e antigo ministro socialista Armando Vara, Carlos Santos Silva, empresário e amigo do ex-primeiro-ministro, Joaquim Barroca, empresário do grupo Lena, João Perna, antigo motorista do ex-líder do PS, Paulo Lalanda de Castro, do grupo Octapharma, Henrique Granadeiro e Zeinal Bava, ex-administradores da PT, o advogado Gonçalo Trindade Ferreira e os empresários Diogo Gaspar Ferreira e Rui Mão de Ferro e o empresário luso-angolano Hélder Bataglia.