Ricardo Neves, um dos arguidos do caso da invasão do centro de treinos do Sporting, admite ter agredido o argentino Marcos Acuña e diz que se sente envergonhado pelos seus atos. Em declarações no Tribunal de Monsanto, o arguido recorda o dia 15 de maio de 2018.
"O Acuña perguntou-me o que se estava a passar. Não sei se tivemos uma troca de palavras, mas dei-lhe uma chapada. Ele não teve qualquer reação. Passei por eles e vi o William. Ia falar com ele, porque era um dos capitães. Fui atrás dele, mas entretanto não consegui. Ele estava a falar com outro arguido.", começa por dizer.
O arguido admite que a atitude foi errada, entre lágrimas: "Achava que o que fazia era certo. Não tinha consciência. Hoje percebo que os jogadores têm família, não deve ser fácil estar no local de trabalho e ver 30 ou 40 pessoas a entrar sem saberem o que tinham nos bolsos. Estou envergonhado e não quero mais ser aquela pessoa. Foi preciso ser preso para meter mão na consciência".
Ricardo Neves recorda as suas ações até ao momento em que entrou no balneário, com a cara tapada, e insultou os jogadores.
"Sai do carro e meti a balaclava que levava comigo. Comecei a correr e na altura havia dúvidas sobre a hora do treino, se às 16h ou 17h. O objetivo era contestar os jogadores. Na minha ignorância, após o jogo da Madeira, queria perguntar o que se passou. Fui em direção aos campos. Percebi que os jogadores estavam lá dentro e, nesse momento, já haviam algumas tochas abertas. Eu tinha uma comigo e abri. Atirei-a para o chão. Só quando fui detido percebi onde tinha ido parar. Lembro-me, lá dentro, de ver o Manuel Fernandes, vi o Bas Dost e cumprimentei-o com a cabeça. As portas do balneário estavam semi-abertas. Entrei, virei à esquerda e lembro-me dos jogadores sentados. Falei no geral. Passei por eles, um a um, ofendendo. Lembro-me do Leão, Acuña, Montero e Bryan", recorda.
Bruno de Carvalho, antigo presidente do Sporting e arguido no caso, vai também prestar declarações, esta sexta-feira.