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A caravana do Bloco de Esquerda continua a percorrer quilómetros. Nas Caldas da Raínha, Catarina Martins foi elogiada. Em Lisboa criticou o PS, mas desafiou Costa para uma reunião no dia 31 de janeiro. A ideia é negociar um novo acordo escrito como o partido já tinha querido estabelecer em 2019.
No discurso do comício nacional, em Lisboa, perante uma plateia de 550 pessoas, a líder do Bloco dirigiu-se sobretudo aos indecisos, que têm atingido valores altos segundo as sondagens. “Digo por isso ao Dr. António Costa que o Bloco está disponível e o convida para que nos reunamos no dia 31 de janeiro para trabalharmos para medidas e metas para quatro anos”.
“Nessa mesa, estarão todas e todos os que foram esquecidos neste anos, e lá estarão as soluções para respeitar este povo”, acrescentou a coordenadora do Bloco de Esquerda.
Esta tarde, em mais uma ação de campanha, Costa afastou-se mais uma vez das aproximações do Bloco. "Percebo que partidos que já em 2020 quiseram romper a unidade da esquerda precisem agora de arranjar um bode expiatório. Mas a única coisa que o Bloco de Esquerda tem a fazer é pedir desculpa por ter rompido com a unidade de esquerda em 2020", respondeu o líder socialista, numa alusão à votação do Orçamento do Estado para 2021
Caldas da Raínha dão força
Horas antes, no Mercado de Santana, nas Caldas da Raínha, o ambiente era menos tenso. “Vamos embora! Força Catarina, força aí!”, grita uma cliente.
Se forças faltassem, os feirantes e clientes deram-na à caravana do Bloco de Esquerda que este domingo esteve naquela cidade do Oeste. “Você é a única que presta, a única!”, disse um homem à líder do partido. Porquê? “Porque luta pelo povo que trabalha. Essa é que é essa”, respondeu à Renascença.
No contacto com a população caldense, Catarina Martins foi bem recebida enquanto distribuía jornais do partido.
Com mais de uma semana de campanha, a última sondagem diária da CNN dá a vitória à direita, e a coordenadora do Bloco de Esquerda culpa o PS. “A estratégia do Partido Socialista, de queimar pontes à esquerda, de exigir maioria absoluta, na verdade acaba por abrir caminho à direita”.
Por isso, Catarina Martins sugere que António Costa “mude de agulha” ao mostrar abertura para negociar com os parceiros de esquerda.
A coordenadora do Bloco de Esquerda deixa a garantia de que um voto no partido, é um muro para o país não voltar a ser governado pelo PSD. “O BE como terceira força política, será o garante de que vencemos a direita”.
Porta aberta
No comício no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, centenas de pessoas assistiram aos discursos de Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do Bloco de Esquerda, da deputada Mariana Mortágua e de Catarina Martins.
Catarina Martins, recebida com bandeiras e abanar e gritos, acusou António Costa de criar muros à esquerda, mas convidou o secretário geral do PS para uma reunião no dia seguinte às eleições.
A coordenadora do partido lembra que foi o PS que quis provocar eleições, e que já nem os socialistas acreditam numa maioria absoluta. “Aqui estamos, lançados para umas eleições lançados pela obsessão da maioria absoluta, reduzida à triste hipótese de um governo à Guterres, procurando algum deputado para compor uma maioria que lhe vai faltar”.
“Direita não passará”, exclama Mariana Mortágua. A deputada do Bloco de Esquerda subiu ao púlpito para tecer várias acusações à direita e para prometer aquilo que um voto no BE pode dar ao país. “Com os partidos dos banqueiros no governo, Portugal seria transformado num gigantesco Novo Banco”.
Mas o PS não escapou às críticas. Mariana Mortágua acusa António Costa de “estar dedicado a desdizer tudo o que declarou no passado”. A deputada lembra a mudança de disurso do secretário geral do Partido Socialista nos últimos anos.
Pedro Filipe Soares lançou críticas à direita e lembrou o percurso do partido, desde que foi fundado. O bloquista afirma que foi o Bloco de Esquerda que “sempre apontou o dedo aos mais poderosos”, e que teve sempre coragem de “colocar o nome nos bois e nos boys”.
O líder parlamentar do partido aconselha ainda António Costa a mudar de estratégia. “Assumir o erro é sinal de inteligência”, atira Pedro Filipe Soares.