O Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) lança esta terça-feira a campanha “Solidariedade sem Fronteiras, um Mundo sem Barreiras” para que “as políticas de acolhimento dos refugiados sejam mais justas”.
Neste Dia Mundial do Refugiado, o diretor da JRS, André Costa Jorge, sublinha que todos os refugiados - independentemente da sua origem - “merecerem ser acolhidos com igual dignidade”.
“A solidariedade não deve ter fronteiras”, diz Costa Jorge, enfatizando: "A proteção aos refugiados deve ser feita em função do nível da proteção que a pessoa precisa e não em função da sua origem."
O responsável do JRS lembra que “não devem ser criadas barreiras artificias que potenciam o aumento das redes de tráfico e a redes criminosas” e sustenta que ainda vivemos numa Europa com "dois pesos e duas medidas".
"Foi possível e ainda bem acolher os novos irmãos ucranianos, mas continuamos cegos e surdos perante o drama de milhares de outros refugiados que veem de outras paragens”, aponta.
“É possível e é necessário que haja uma resposta de todos os países para que se acolham pessoas que fogem da perseguição”, defende André Costa Jorge. "É preciso encontrar vias legais e seguras porque senão as pessoas no desespero vão recorrer a situações em que correm risco de vida e muitas vezes acabam nas redes violentas de trafico."
André Costa Jorge diz que Portugal tem “boas políticas de acolhimento”, mas desafia as autoridades nacionais a serem "mais ativas no espaço europeu na defesa de políticas mais humanistas”.
Também para assinalar o Dia Mundial do Refugiado, o JRS Portugal vai apresentar o documentário “A última fronteira”, de André Carvalho Ramos, jornalista da CNN Portuga, no Salão Nobre do Colégio Almada Negreiros, no Campus de Campolide da Universidade Nova de Lisboa. O documentário mostra as diferentes políticas da Europa para os refugiados.
Para além da campanha de sensibilização e da projeção do documentário, pode também ser vista, de 22 a 25 de junho, a exposição “Vizinhos do Lado”, que junta 21 retratos de famílias afegãs. Estes retratos resultam da experiência de apoio de emergência em centro de acolhimento durante os meses iniciais do trajeto de integração das famílias afegãs.
A fotografia é da autoria do fotógrafo português Vasco Passanha e a exposição vai estar patente em vários locais, começando pelo Largo do Cabeço de Bola, em Lisboa. Fará parte do Festival Bairro em Festa.
O Eurostat revelou em 2021 que 630.550 pessoas aguardavam resposta ao pedido de asilo na União Europeia. Destes, 1.540 requereram asilo a Portugal, maioritariamente do Afeganistão, Marrocos, índia e Gâmbia.