Declarações de Trump “desqualificam-no para ser Presidente” dos EUA
09-12-2015 - 07:25

É a reacção da Casa Branca à tese do candidato presidencial Donald Trump, que defende que todos os muçulmanos devem ser impedidos de entrar nos Estados Unidos. ONU também já expressou preocupação pelas declarações.

A Casa Branca considera que as declarações de Donald Trump sobre os muçulmanos e sua proposta de que deveriam ser proibidos de entrar nos Estados Unidos o desqualificam como candidato à Presidência norte-americana.

"O que Donald Trump disse desqualifica-o para ser Presidente", afirmou Josh Earnest, porta-voz de Barack Obama, evocando que as declarações são "moralmente repreensíveis" e que terão "consequências" para a segurança nacional norte-americana.

O porta-voz da Casa Branca desafiou os Republicanos a denunciar o seu pré-candidato, lembrando que um Presidente dos Estados Unidos é também o comandante supremo das Forças Armadas.

Apelidando Trump de "barbeiro carnavalesco" com "cabelo falso" e de ser "cínico" nas suas tomadas de posição, Earnest considerou que a campanha do pré-candidato republicano tem a qualidade de um "lixo da história".

"A verdadeira questão para os Republicanos é a de saber se se deixarão entrar no lixo da História com Donald Trump", acrescentou, desafiando os restantes candidatos do partido a tomar uma posição sobre as declarações do magnata do imobiliário.

Na segunda-feira, Donald Trump defendeu, em comunicado, um bloqueio “completo e total” à entrada de muçulmanos nos Estados Unidos, até que as autoridades “averigúem” donde vem o "ódio" em relação aos norte-americanos.

"Sem olhar para os dados das pesquisas, é óbvio para qualquer um que aquele ódio está para além da compreensão. Donde aquele ódio vem é algo que temos de determinar", afirmou o magnata.

"Até se identificar e compreender o problema e a perigosa ameaça, o nosso país não pode ser vítima de horrendos ataques de gente que só acredita na ‘jihad’ e que não tem qualquer sentido e respeito pela vida humana", acrescentou.

Donald Trump divulgou o comunicado depois de o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, defender que o grupo extremista Estado Islâmico "não fala em nome do Islão" e pedir aos norte-americanos para não confundirem radicais com o resto dos muçulmanos.

Comunidade internacional chocada com Trump

As Nações Unidas expressaram, na terça-feira, preocupação pelas declarações de Donald Trump, defendendo que não se deve seguir o caminho da retórica da islamofobia, xenofobia ou qualquer outro apelo ao ódio.

A ONU, que evita, por normal, comentar as palavras de candidatos à Presidência dos Estados Unidos, realçou a preocupação do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, face a "todas as formas de xenofobia ou qualquer sentimento contra os imigrantes ou grupos em base na raça ou na religião".

"E isso aplica-se, sem dúvida neste caso", sustentou um porta-voz da organização.

Também na terça-feira, em Londres, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, considerou que os comentários de Trump são "inúteis", fruto de "equívocos" e criam "divisões".

"O primeiro-ministro britânico está totalmente em desacordo com os comentários de Donald Trump, que causam divisões, são inúteis e completamente equivocados", referiu o porta-voz do número 10 de Downing Street, citado pela agência noticiosa espanhola EFE, que não identifica o autor das palavras.

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, e o ministro dos Negócios Estrangeiros canadiano, Stephane Dion, foram outros líderes a reagir negativamente às declarações do pré-candidato presidencial norte-americano.