O Papa recebeu esta quinta-feira uma mensagem de Natal do patriarca ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), Bartolomeu I, que destaca os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que vão ser assinalados em 2018.
No texto, publicado pelo serviço informativo da Santa Sé, Bartolomeu I salienta uma data que assinala a vontade da humanidade, depois da Segunda Guerra Mundial, iniciar uma era nova e duradoura de paz e fraternidade.
No entanto, 70 anos passados, esses ideais continuam por cumprir, num mundo que prossegue marcado pela mesma “experiência trágica da violência e degradação da pessoa humana” que caracterizou os meados do século XX.
“Continuamos a não aprender com a História ou a não querer aprender. E mais uma vez, as palavras ‘Jesus nasceu’ ressoam num mundo cheio de violência, de conflitos perigosos, de desigualdades sociais e de desprezo pelos direitos humanos fundamentais”, frisa Bartolomeu I.
O líder ortodoxo mostra também a sua preocupação por um contexto social que continua a admitir a “exaltação do poder” e da “exploração” sobre as pessoas, a disparidade entre ricos e pobres”.
Nem “o domínio da tecnologia, as conquistas extraordinárias da ciência e o progresso económico” geraram a deseja justiça social e paz, “pelo contrário”, este fosso social “aumentou” e “está a destruir as condições de coesão social e a harmonia”.
“A Igreja não pode ignorar estas ameaças. Não há nada de mais sagrado do que o ser humano, ao qual o próprio Deus partilha a natureza. Lutamos pela dignidade humana, pela proteção da liberdade e da justiça humana, sabendo que a paz verdadeira vem de Deus”, afirma aquele responsável.
Na mesma linha, Bartolomeu I refere-se à “explosão do fundamentalismo e os terríveis actos de violência que estão a ser cometidos em nome da religião” e que “fornecem argumentos contra a fé e sustentam a identificação da religião com os seus aspectos negativos”.
“A verdade é que a violência é a negação dos credos e doutrinas religiosas fundamentalistas”, frisa o patriarca ecuménico, que desafia à “mobilização” de todos os credos na busca de um mundo diferente.
“Precisamos de esforços comuns, objectivos comuns e um espírito comum. A crise actual é uma oportunidade para praticar a solidariedade, o diálogo, a cooperação, a abertura e a confiança. Só juntos poderemos enfrentar os actuais desafios. Ninguém, nação, Estado, religião e ciência, pode enfrentar sozinho os seus problemas”, completou.