Os Estados Unidos anunciaram a restrição à atribuição de vistos a 76 cidadãos da Arábia Saudita acusados de "ameaçar dissidentes no estrangeiro", nomeadamente o jornalista saudita Jamal Khashoggi, assassinado em outubro de 2018 na Turquia.
Segundo o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, as sanções inscrevem-se no quadro de uma nova regra, batizada pelo Departamento de Estado como a “Lei Khashoggi”, que visa proibir a entrada nos Estados Unidos a qualquer pessoa acusada de atacar, em nome das autoridades do seu país, dissidentes ou jornalistas no estrangeiro.
As medidas foram anunciadas na sequência da publicação do relatório da inteligência dos EUA, que acusa o príncipe saudita Mohammed bin Salman de ter “validado” o assassínio de Khashoggi.
A identidade e as funções de todos os sauditas visados pela “primeira série de medidas” não foram reveladas, mas sabe-se que um antigo alto funcionário e uma unidade especial próxima do príncipe herdeiro são alvo de sanções económicas.
Trata-se de uma unidade de intervenção especial e do antigo “número dois” dos serviços secretos sauditas, Ahmed al-Assiri, “próximos” de Mohamed bin Salman, pelo papel desempenhado no assassínio de Khashoggi.
O general al-Assiri, um militar influente, foi indiciado, mas absolvido pela justiça saudita.
A justiça turca, por seu lado, acusa-o de ser um dos comanditários do assassínio de Khashoggi.
“Jamal Khashoggi pagou com a vida por expressar as suas opiniões”, afirmou Blinken, explicando que pretende “punir” os Estados que ameacem ou ataquem jornalistas ou alegados opositores fora das suas fronteiras “apenas porque exercem as suas liberdades fundamentais”.
“Dissemos muito claramente que as ameaças e ataques extraterritoriais da Arábia Saudita contra ativistas, dissidentes e jornalistas devem acabar. Não serão tolerados pelos Estados Unidos”, avisou Blinken.