O número de acidentes de trabalho mortais dá sinais de estar em queda: nos primeiros três meses deste ano, morreram 14 pessoas, quando em igual período do ano passado morreram 33.
A quebra é quase para metade e mais favorável, ainda, mostra-se a evolução do número de acidentes de trabalho graves: no primeiro trimestre deste ano, foram 30, enquanto no mesmo período de 2022 foram 154. Nesta comparação entre trimestres, ocorreram cinco vezes menos acidentes de trabalho graves.
Estes números relativos a 2023 são ainda provisórios, mas não deixam de ser positivos. O presidente do Sindicato da Construção, Albano Ribeiro, considera, conutudo, que seria possível reduzir para menos de metade o número de vítimas de acidentes de trabalho no setor, se a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) desse mais atenção às pequenas obras de reabilitação.
"A reabilitação urbana está a ser feita por pessoas que não pertencem a empresas. Cerca de dois terços é trabalho clandestino e a ACT não está a intervir", denuncia Albano Ribeiro, em entrevista à Renascença.
"A ACT que procure fazer 70% da sua atividade nas pequenas obras. Aí vamos ter uma descida de mais de 50% dos acidentes de trabalho mortais em Portugal", diz o dirigente sindical.
O presidente do Sindicato da Construção tem que, "se não forem tomadas medidas", ao longo do ano, possa haver um aumento das mortes em acidentes de trabalho, consequência da entrada de muitos trabalhadores estrangeiros sem formação e sem experiência: "Quantos mais imigrantes vierem de forma clandestina, através de redes mafiosas, mais os acidentes de trabalho vão aumentar."
O setor da construção é aquele que, a cada ano, aparece nas estatísticas oficiais como sendo o mais fatal contexto laboral. Albano Ribeiro contesta esses dados e dá o exemplo de outros setores, como a pesca ou a agricultura, onde, em termos percentuais, morrem mais trabalhadores.