O ministro da Administração Interna admite requisição civil de meios aéreos para o combate aos fogos num cenário limite.
“Vamos recorrer a mecanismos nacionais, a mecanismos internacionais de várias origens. Vamos ponderar todas as soluções, até, numa situação limite, a requisição civil de meios aéreos”, disse o ministro, na Lousã, após ter participado numa sessão de formação sobre incêndios florestais e segurança das populações, promovida pelo Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais (CEIF) da Universidade de Coimbra.
Eduardo Cabria confirma assim a notícia avançada este sábado pelo Diário de Notícias de que o estado português vai acabar com o contrato que tem com a empresa de manutenção dos helicópteros Kamov.
“O que está em causa é uma verificação reiteradas de incumprimento e incapacidade que é determinada pela Autoridade Nacional de Proteção Civil”, argumentou o ministro, que defendeu a necessidade de o estado estar pronto para operar na luta contra as chamas “todo o ano”.
“Temos de estar prontos todo o ano para todos os riscos, como percebemos dramaticamente o ano passado”, acrescentou o ministro, voltando a aludir ao futuro envolvimento da Força Aérea no combate aos fogos: “esse é o futuro: dar à Força Aérea o comando da gestão de meios aéreos”.
Prevenção é prioridade nacional
Questionado sobre os esforços na prevenção dos incêndios, Eduardo Cabrita reafirmou a importância nos esforços de limpeza, dizendo que esses eforços devem ser considerados “prioridade nacional”.
“Temos de colocar a prevenção e a limpeza – e essa é uma vitória já alcançada – como a absoluta prioridade”, disse Eduardo Cabrita no Laboratório de Estudos sobre Incêndios Florestais, na Lousã, distrito de Coimbra.
Na opinião do ministro, depois da limpeza das faixas de gestão de combustível, importa “trabalhar na autoproteção” das populações nas zonas de maior risco de incêndio.
“Estamos a aprender com uma experiência que é notável”, disse o ministro da Administração Interna, numa alusão ao projeto “Aldeias Resilientes”, que está a ser desenvolvido pela Associação das Vítimas do Incêndio Pedrógão Grande (AVIPG), em parceria com a Associação de Proteção e Socorro e a empresa tecnológica WIT Software.
Eduardo Cabrita falava aos jornalistas após ter participado na abertura de uma sessão de formação sobre incêndios florestais e segurança das populações, promovida pelo Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais (CEIF) da Universidade de Coimbra, em colaboração com a AVIPG, liderada por Nádia Piazza, em que participaram dezenas de pessoas.
Com o projeto “Aldeias Resilientes”, lançado em novembro, em Pedrógão Grande, distrito de Leiria, esta associação, “em cima da dor, está a reerguer a esperança”, depois dos trágicos fogos de 2017, em que morreram mais de 100 pessoas.
“É fundamental aproximar a prevenção do combate. É fundamental trazer conhecimento científico à experiência de combate aos incêndios”, defendeu o governante, frisando que “este é um trabalho de todos” em Portugal.
Em cada situação de risco, “é necessário que as pessoas saibam o que devem fazer e não fazer na sua casa, onde está o local de abrigo”, exemplificou.
“Tivemos e estamos a ter ainda o tempo da limpeza, temos o tempo da autoproteção, teremos de estar melhor preparados também para o tempo de combate. Não é possível separar estas várias partes de um desafio que é de todos nós”, salientou.
Na abertura da sessão de formação intervieram também Nádia Piazza e Domingos Xavier Viegas, professor catedrático da UC e principal responsável do Laboratório de Estudos sobre Incêndios Florestais, que funciona num espaço adjacente ao aeródromo da Chã do Freixo, arredores da Lousã.