São quase mil médicos de família a atingir este ano a idade da reforma. E o número de utentes sem médico corre o risco de crescer.
O alerta é feito ao jornal Público pelo coordenador Grupo de Apoio Técnico à Implementação das Políticas de Saúde na área dos Cuidados de Saúde Primário. João Rodrigues admite mesmo que este ano poderá ser o do maior número de aposentações de sempre.
“Se todos saírem, vai ser um drama”, afirma ao jornal, antevendo que 2023 e 2024 serão também anos complicados no que toca à saída de médicos de família do SNS.
Em dezembro passado, Portugal tinha mais de um milhão e cem mil pessoas sem médico de família. Um problema que atinge todas as regiões do país, mas que tem maior impacto na região de Lisboa e Vale do Tejo onde estão mais de dois terços das pessoas que não têm médico de família.
Se a maior parte dos médicos que atingem este ano a idade legal de aposentação decidirem reformar-se em vez de optarem por ficar até aos 70 anos no Serviço Nacional de Saúde (SNS) o problema torna-se ainda mais grave.
Nas contas de João Rodrigues, em 2022 poderá ocorrer o maior número de aposentações de sempre e 2023 e 2024 perspetivam-se ainda anos complicados, numa altura em que faltam 780 médicos para dar cobertura total à população residente.
Segundo o coordenador do Grupo de Apoio Técnico à Implementação das Políticas de Saúde na área dos Cuidados de Saúde Primários, são 1.089 os médicos de família que estão em condições de sair dos centros de saúde, realçando que as cerca de cinco centenas de jovens médicos que acabam o internato por ano não serão suficientes para compensar as saídas previstas, tendo em conta que uma parte destes opta por não ficar no SNS.
Neste contexto, João Rodrigues entende que é necessário definir uma estratégia e conjugar uma série de medidas, as primeiras das quais devem passar por atualizar o Registo Nacional de Utente (RNU) e também os ficheiros dos profissionais.
Outra das medidas deve passar por atrair e fixar os jovens médicos ao SNS.