Os camionistas de matérias perigosas dizem que a greve é para avançar e pedem perdão aos portugueses por eventuais transtornos.
Numa carta aberta divulgada esta segunda-feira, o Sindicato Independente de Motoristas de Mercadorias (SIMM) e o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) dizem estar fartos de "joguinhos" e avisam que o mais provável é avançarem para uma nova paralisação.
“Sabemos que os portugueses nos vão perdoar por ao fim de 22 anos pensarmos um pouquinho em nós e nas nossas famílias, afinal de contas também somos homens e mulheres, pais, mães, filhos, etc…, somos portugueses a passar pelo mesmo que passam muitos de vós”, refere a missiva.
Em declarações à Renascença, Pedro Pardal Henriques, do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), acusa as empresas de recuarem na negociação. Os representantes dos motoristas desafiam mesmo a ANTRAM, que representa os patrões, para um debate televisivo.
“A meio das negociações estão a retirar e a dar o dito por não dito, apesar de estar num documento assinado, e os sócios deliberaram que, caso a ANTRAM falte à sua palavra e ao seu compromisso, então que aí sim avançarão para uma greve”, adverte o líder sindical.
Pedro Pardal Henriques acredita que os portugueses vão compreender a luta dos motoristas de matérias perigosas, que ameaçam voltar a parar o país.
“Não é intenção de ninguém, muito menos destes motoristas, mas é o único meio de luta que têm face às constantes violações da ANTRAM. Aquilo que os sindicatos quiseram dizer nesta carta é que os portugueses compreenderão que se for esta a última forma de luta que têm para se manifestar contra estas ilegalidades”, afirma o dirigente do SNMMP.
A carta aberta é divulgada depois de, no sábado, o 1.º Congresso Nacional dos Motoristas ter aprovado por unanimidade, em Santarém, entregar no dia 15 um pré-aviso de greve a partir de 12 de agosto até entrar em vigor o novo Contrato Coletivo de Trabalho (CCT) para o setor.
O congresso, com cerca de três centenas de motoristas, aprovou por unanimidade a proposta de CCT, apresentada pelos sindicatos Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIM).
A proposta prevê um aumento do salário base de 100 euros nos próximos três anos (1.400 euros brutos para 2020, 1.600 para 2021 e 1.800 para 2022), melhoria das condições de trabalho e pagamento das horas extraordinárias a partir das oito horas de trabalho, entre outras medidas.