É preciso definir mecanismos facilitadores para o acolhimento de refugiados e a Europa não pode continuar a ignorar o flagelo do tráfico de seres humanos, diz a Cáritas, num dia em que o mundo lembra as vítimas deste crime.
Eugénio da Fonseca sublinha que muitos que fogem da guerra e de regimes totalitários e acabam por cair nesta nova forma de escravidão.
“Que se abram mecanismos mais facilitadores do acolhimento dessas pessoas, que muitas vezes fogem às guerras nos seus países, à repressão dos regimes totalitários nos seus países. São estas as causas mais persistentes que levam as pessoas a colocarem-se nas mãos dos traficantes. E colocadas aí, ficam totalmente escravos desses traficantes que lhes roubam os documentos, que lhes entregam a máfias onde a escravatura é notória e também, muitas vezes, a acções que não dignificam nada a vida das pessoas, como seja a prostituição e a comercialização das próprias pessoas.”
Neste que é o Dia Internacional Contra o Tráfico de Seres Humanos, a Cáritas acusa a Europa de dificultar o acolhimento de refugiados e migrantes.
“A Europa tem tido uma postura muitas vezes que roça o desumano, criando dificuldades de entrada, muitas vezes com justificações que não têm razão de ser, como por exemplo a segurança dos países de acolhimento, como a impossibilidade demográfica quando sabemos que muitas vezes se apela por outras vias ao recrutamento dessas pessoas para mão-de-obra mais barata”, diz.
“Temos de ser mais humanos, e facilitarmos, porque a arma que a Europa tem tido é dificultar o acesso, impondo restrições através de uma burocracia incompreensível”, afirma ainda Eugénio da Fonseca.
O presidente da Cáritas lembra, ainda, as crianças, como sendo uma das principais vítimas deste crime. “São as mais atingidas por esse outro infame negócio que é o tráfico de órgãos, mas também, vivendo essas situações com os seus pais ou parentes mais próximos, ficam irremediavelmente, muitas delas, com traumas que condicionam o seu futuro.”