O protesto deste domingo, no norte de Hong Kong, terminou com violência policial, levando a cenas caóticas dentro de um centro comercial onde estão localizadas várias lojas de luxo. Várias imagens do local mostram sangue no chão e pessoas a receber tratamento.
Mais de 10 mil manifestantes encheram, este domingo, as ruas de Sha Tin, uma cidade no norte de Hong Kong, junto à fronteira com a China, exigindo a renúncia da chefe do Executivo da ilha e uma investigação sobre as denúncias de violência policial, alargando as queixas contra os líderes do território.
Segundo a AFP, a violência eclodiu brevemente durante a tarde, após a manifestação, quando os manifestantes construíram barricadas, causando um impasse de horas com a polícia antimotim.
Mas os piores confrontos aconteceram dentro de um centro comercial, para onde fugiram centenas de manifestantes, depois de a polícia ter avançado sobre as barricadas. De seguida, a polícia invadiu também o complexo comercial, avançam os repórteres da AFP no local.
Repórteres da Associated Press assistiram aos confrontos em corredores de vários andares do complexo comercial, nos quais manifestantes e polícias se agrediam com guardas-chuvas e agarravam nos capacetes uns dos outros.
Muitos entre os mais de 10 mil manifestantes que marcharam em Sha Tin pediam eleições genuinamente democráticas na antiga colónia britânica. Havia também quem pedisse uma Hong Kong independente.
Os manifestantes exigiram uma investigação sobre as queixas de violência policial em manifestações anteriores contra a lei de extradição. Alguns carregavam cartazes que diziam: "A polícia é mentirosa" ou "Defenda Hong Kong".
O protesto foi acompanhado por centenas de polícias que usaram capacetes e carregavam bastões e escudos. Alguns manifestantes usavam máscaras cirúrgicas como proteção contra o possível uso de 'spray' de gás pimenta ou gás lacrimogéneo, pela polícia.
Os protestos refletem as reclamações crescentes de que os líderes de Hong Kong estão a acabar com as liberdades e a autonomia prometidas quando o território foi devolvido à China em 1997, pelo Reino Unido.
Alguns manifestantes carregavam bandeiras norte-americanas ou coloniais de Hong Kong.
O Governo de Hong Kong, liderado por Carrie Lam, suspendeu, no mês passado, o projeto de lei de extradição, que teria permitido que suspeitos de crimes de Hong Kong fossem transferidos para o continente, onde o Partido Comunista controla o sistema judicial.
Lam pediu desculpa pela sua tentativa de manipulação da legislação, mas os críticos estão a exigir a sua renúncia.
No sábado, a polícia usou bastões e gás lacrimogéneo para dispersar uma multidão de jovens manifestantes que pediam maior controlo sobre os empresários que visitam Hong Kong. Os críticos dizem que estão a prejudicar indevidamente as empresas locais.
No domingo anterior, um grupo de jornalistas de Hong Kong marchou até ao escritório de Lam, na ilha de Hong Kong, para destacar as queixas sobre polícias que espancaram e obstruíram repórteres em manifestações anteriores.
Os jornalistas entregaram uma carta endereçada ao comissário de polícia do território, a um funcionário.
"Parece que atacaram deliberadamente os jornalistas", disse Chris Yeung, presidente da Associação de Jornalistas de Hong Kong.
Confrontos violentos entre manifestantes e polícia têm-se multiplicado nas últimas semanas. No passado dia 01 de julho, quando passaram 22 anos da devolução da antiga colónia britânica, por manifestantes pró-democracia invadiram o edifício do parlamento.