O vice-presidente da Frente Cívica, João Paulo Batalha considera que o novo mecanismo de escrutínio a personalidades convidadas para o Governo pode servir para "encobrimentos " e para uma "desresponsabilização" do Executivo.
"Se este questionário for um álibi para o primeiro-ministro dizer que não sabia de nada com suporte documental, não estamos a fazer um grande progresso", considera, ouvido pela Renascença.
O especialista no combate contra corrupção recorda que o Governo já sabia de atividades problemáticas antes de propor nomeações que, entretanto, resultaram em demissões.
Para João Paulo Batalha, este Executivo tem um problema de "distinguir riscos reputacionais quando os tem à frente dos olhos" e que, mesmo com o questionário, isso pode continuar a acontecer.
Por outro lado, o vice-presidente da Frente Cívica vê com bons olhos que o Presidente da República tenha acesso às respostas do mecanismo de escrutínio.
"Se for dada ao Presidente informação suficiente, para poder responsabilizar o primeiro-ministro, sem o substituir, é positivo", refere.
O especialista acredita que as cinco áreas que o questionário contempla "cobrem o que é preciso saber", contudo aponta que "esse escrutínio devia ser feito ainda antes de haver um convite à pessoa".
E pede que as 34 perguntas sejam conhecidas na íntegra, para avaliar a qualidade do mecanismo.
"Um primeiro teste é sabermos a lista completa de questões, para sabermos se são verdadeiramente concretas e exaustivas, ou se foi algo pensado e criado do dia para o outro para acalmar as polémicas em que o Governo se vê metido", indica.