O Reino Unido não vai nomear um comissário europeu para o novo executivo comunitário, anunciou esta quinta-feira no Parlamento britânico o recém-empossado primeiro-ministro, Boris Johnson, num sinal de que o país vai mesmo abandonar a União Europeia (UE) a 31 de outubro, o atual prazo do Brexit.
"Quero deixar claro o meu empenho absoluto em garantir que a nossa participação nacional na União Europeia está a chegar ao fim", declarou Johnson aos deputados, na sua primeira intervenção na Câmara dos Comuns depois de ter sido indigitado pela Rainha Isabel II na quarta-feira. "Essa realidade precisa ser reconhecida por todas as partes", sublinhou.
Boris Johnson entende que "há muitos funcionários públicos do Reino Unido brilhantes que acompanham reuniões após reuniões em Bruxelas e Luxemburgo, quando poderiam dedicar-se à preparação de novos acordos de comércio livre ou à promoção de um Reino Unido verdadeiramente global".
Com gesto simbólico da "libertação" desses funcionários, o novo líder do Partido Conservador disse que o Governo não vai nomear um comissário "em quaisquer circunstâncias" para o executivo liderado por Ursula von der Leyen, a iniciar funções em novembro.
O Reino Unido tinha previsto sair da UE a 29 de março, mas o chumbo do acordo de saída negociado pelo Governo de Theresa May com Bruxelas, por três vezes rejeitado no Parlamento, e a oposição a uma saída sem acordo levou a um adiamento do processo até 31 de outubro.
Na formulação do seu elenco governativo, Boris Johnson rodeou-se sobretudo de eurocéticos convictos, a quem distribuiu as pastas mais importantes, dando um sinal de que a prioridade é sair UE a 31 de outubro, com ou sem acordo, como já referiu.
Entre os novos governantes está Jo Johnson, irmão do primeiro-ministro, que vai desempenhar o cargo de secretário de Estado da Economia, Energia e Indústria.