Houve um aumento generalizado de tipos de drogas na Europa em 2014, alerta o “Relatório Europeu sobre Drogas 2016: Tendências e Evoluções”, do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (EMCDDA), apresentado esta terça-feira. Além das novas substâncias psicoactivas (NSP), que proliferam graças à internet, assistiu-se também ao regresso de drogas que pareciam caídas no esquecimento, como o ecstasy e a heroína.
O documento descreve um mercado complexo e "resiliente", que obriga os países a novas estratégias de combate. O consumo de canábis e de drogas estimulantes cresceu, bem como o nível de pureza e de potência da maioria das substâncias ilícitas.
A complexidade aumentou com a disponibilização de novas substâncias, sinal de que os fármacos estão a assumir um papel cada vez mais visível.
As autoridades consideram que responder com rapidez e eficácia à venda de NSP, algumas das quais altamente tóxicas, constitui um “grande desafio”. “Os jovens consumidores podem estar a ser involuntariamente usados como cobaias de substâncias cujos potenciais riscos para a saúde são praticamente desconhecidos”, alerta o relatório.
As proibições, segundo o Observatório, são difíceis de implementar porque a Europa também é produtora de canábis, sobretudo, para consumo interno, de drogas sintéticas para exportação, e mesmo de certos opiáceos e novas substâncias.
Estas últimas voltaram a disparar: em 2015, foram detectadas 98 novas substâncias, elevando para mais de 560 o número de novas substâncias monitorizadas, 70% das quais no últimos cinco anos.
MDMA e heroína voltam a reaparecer
Outra novidade neste relatório é o ressurgimento da MDMA, quase desaparecida na ultima década, e que aparece em comprimidos de ecstasy, em pó e em cristais, enquanto estimulante de consumo frequente entre os jovens.
Os novos percursores (essenciais para o fabrico de estimulantes), as novas técnicas de produção e o fornecimento pela internet estão a fazer renascer um mercado caracterizado pela diversidade dos seus produtos: pós, cristais e comprimidos com dosagem elevada estão disponíveis sob uma variedade de logótipos, cores e formatos, com provas de produção e encomenda e com utilização de técnicas de marketing sofisticadas e direccionadas.
Em paralelo, há indicadores que apontam para uma maior oferta de heroína na Europa. Depois de um declínio prolongado, que se notava desde há uns anos, em 2014 vários países registaram apreensões recorde desta droga.
A quantidade de anfetaminas apreendidas também têm vindo a aumentar desde 2002.
O Observatório Europeu das Drogas diz que o mercado retalhista de drogas ilícitas na União Europeia valia 24,3 mil milhões de euros, em 2013, 3 é responsável por 38 % do mercado total.
Os produtos de canábis constituem a maior quota do mercado europeu de drogas ilícitas. Seguem-se a heroína, com um valor estimado de 6,8 mil milhões de euros, e a cocaína, com um valor estimado de 5,7 mil milhões de euros.