Vinte e duas horas e 55 minutos. Foi a hora a que Rui Rio entrou na sala Ariane do hotel Sheraton, no Porto.
Uma vintena de lugares sentados foram finalmente poucos. Apareceram os dirigentes do PSD que estariam com Rui Rio no 12º andar, deixaram-se ver alguns deputados (poucos) e candidatos da lista encabeçada por Paulo Rangel, que uma meia hora antes assumia a derrota nestas eleições europeias.
E os militantes que acabaram por encher a sala? Onde estiveram estes militantes durante a maior parte da noite? Boa pergunta, ninguém os viu até à hora das declarações. Ou ninguém sabia que eram militantes do PSD.
Às 20h00, hora em que foram conhecidas as primeiras projeções, seriam cerca de dez os que estavam a olhar para os ecrãs de televisão no fundo da sala.
O silêncio só foi quebrado por algum comentário dos jornalistas presentes. Nem Paulo Rangel, que chegou pouco depois das 18h00, nem os candidatos da lista às europeias, nem os vice-presidentes Manuel Castro Almeida, nem Salvador Malheiro, ninguém.
Quando horas mais tarde os jornalistas perguntaram a Paulo Rangel se não se sentia sozinho na hora da derrota, respondeu "creio que o Doutor Rui Rio ainda aqui virá esta noite". Estariam em locais separados a acompanhar os resultados?
Rui Rio veio, uma assessora colocou no púlpito um discurso escrito a letra impressa. Já estava escrito?
O presidente do PSD assume que falhou os dois objetivos a que o partido se tinha proposto: nem cresceu "muitíssimo" para ganhar as eleições, nem cresceu "muito" para aumentar o número de mandatos no Parlamento Europeu. Não conseguimos os objetivos, disse. Falhou, leram os jornalistas.
E houve aquelas trocas de olhares dos momentos em que não sabemos o que vem a seguir. Demite-se? Era pouco provável, tendo em conta tudo o que disse ainda esta semana, mas não seria a primeira vez que um político, confrontado com um mau resultado eleitoral, quebrava as juras de ficar.
Rio fica: "não abandono", frisou. E depois insistiu: "eu assumo as minhas responsabilidades". E ainda: "só se estivesse completamente farto" é que aproveitava a ocasião para deixar a liderança do PSD.
A resposta estava dada. Rui Rio já tinha dito no discurso que era preciso mudar a forma de fazer campanha e promete fazê-lo para as legislativas. De que forma? Ainda não sabe, mas acredita que tem condições para levar o partido a um "bom resultado" e ganhar as eleições legislativas.
Lembrou 2009, o ano em que o PSD ganhou as europeias e perdeu as legislativas meses depois. É possível que este ano seja ao contrário? Rui Rio diz que é sempre possível.